sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Justiça nega pedido de prisão temporária de advogado suspeito de matar empresária em Fortaleza

A decisão, contudo, impõe medidas cautelares para assegurar a permanência do suspeito durante as investigações - O caso, antes tratado como suicídio, também é apurado com a possibilidade de feminicídio

O advogado Aldemir Pessoa Júnior é suspeito de matar a namorada, Jamile Correia. A polícia também trabalha com a hipótese de suicídio da empresária. — Foto: Arquivo pessoal
O advogado Aldemir Pessoa Júnior é suspeito de matar a namorada, Jamile Correia - A polícia também trabalha com a hipótese de suicídio da empresária

O pedido de prisão temporária do advogado Aldemir Pessoa Júnior, suspeito da morte da empresária Jamile de Oliveira Correia, em Fortaleza, foi negado pela Justiça do Ceará na última quarta-feira (18).
A morte da empresária era tratada como suicídio mas a polícia passou a cogitar a possibilidade de feminicídio cujo suspeito é Aldemir Pessoa. A mudança na investigação ocorreu após a descoberta de vídeos que mostram o namorado carregando Jamile ferida no elevador do prédio onde moravam e, em outra ocasião, agredindo-a dentro do carro.
A defesa do advogado mantém a tese de que a empresária tirou a própria vida e afirma que o cliente tentou evitar o tiro disparado por ela, mas não conseguiu.
A decisão que negou a prisão do suspeito foi tomada pelo juiz da 4ª Vara do Júri, Edson Feitosa dos Santos Filho. O caso da morte de Jamile ainda está envolto em dúvidas, com as suspeitas de suicídio, ou de feminicídio, cujo suspeito é o namorado da vítima.
Apesar de negar a prisão de Aldemir, o juiz da 4ª vara determinou que o advogado cumpra as seguintes medidas cautelares:

- Não frequentar o apartamento da empresária, no Bairro Meireles, onde ocorreu o disparo.
- Manter distância de, pelo menos, 200 metros das testemunhas, em especial do filho de Jamile.
- Não ter contatos telefônicos ou por meios similares com as testemunhas.
- Aldemir também está proibido de deixar Fortaleza.
- Suspeito foi obrigado a entregar à polícia o passaporte.

O indeferimento do pedido de prisão foi justificado pelo juiz em razão dos depoimentos ainda controversos das testemunhas. Segundo a decisão, os elementos colhidos pela investigação criminal até o momento, entre eles o depoimento do filho da vítima, se mostram insuficientes para atender ao pedido.
Além disso, as diferentes versões nos demais depoimentos colhidos até agora não se mostram suficientes para validar a prisão temporária do advogado.

Investigações - As investigações mostram que, no fim da noite do dia 29 de agosto, Jamile foi agredida pelo namorado no estacionamento do prédio. Logo depois, o casal retornou ao apartamento e houve um disparo de arma de fogo que atingiu a empresária. No início da madrugada do dia 30, câmeras de segurança do prédio registram que ela sai carregada pelo namorado e o filho. Às 7h da manhã do dia seguinte, Jamile morreu. Depois de mais de 24 horas do disparo, o exame pericial foi feito.
O exame residuográfico feito pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), não encontrou chumbo nas mãos de Jamile.
O laudo cadavérico da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) sobre a morte de Jamile afirma que o tiro disparado contra a vítima "se deu de cima para baixo". Segundo um dos médicos que atendeu a empresária, a trajetória da bala levanta a hipótese de o tiro ter sido disparado por outra pessoa.

Poderes sobre herança - Dez dias antes de morrer, Jamile de Oliveira assinou uma procuração em que dava direitos ao namorado para representá-la na Justiça no processo do inventário do ex-marido, José Aluísio Correia Neto, que morreu aos 54 anos em um acidente em Fortaleza, no dia 3 de agosto de 2017.
A mulher concedeu poderes ao namorado para representá-la em qualquer tribunal, 'podendo, inclusive, requerer o que se fizer preciso, propondo as ações necessárias, contestar, replicar, interpor recursos, assinar termos, fazer acordo, desistir, retificar, ratificar, dar quitação e passar recibo'.

 Empresária foi baleada no peito; companheiro afirmou que ela tentou suicídio, versão contestada pela polícia — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Empresária foi baleada no peito - Companheiro afirmou que ela tentou suicídio, versão contestada pela polícia

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