A saúde mental dos PMs cearenses
apresenta grave estado pela falta de assistência
O estresse do dia a dia na luta
contra a violência deixa PMs doentes mentalmente
A saúde mental dos agentes da Segurança Pública do Ceará é preocupante.
A falta de atendimento e acompanhamento psiquiátrico e psicológico dos
policiais que atuam diariamente com a violência das ruas tem levado a situações
nefastas, desde o afastamento do serviço ao quadro de depressão e deste para o
suicídio. Somente neste ano, entre os meses de janeiro e agosto, nada menos que
840 PMs precisaram entrar em Licença Para Tratamento de Saúde (LTS) por apresentarem
transtornos psíquicos.
Os dados são ainda piores se contados os anos a partir de 2015,
conforme registros obtidos pela Associação das Praças da Polícia Militar e do
Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece). Entre janeiro de 2015 e agosto de 2019, nada
menos, que 5.188 policiais militares foram afastados do serviço por conta de
apresentarem transtornos mentais, que vão desde crise de ansiedade a depressão.
A média, portanto, é de mil policiais que todos os anos precisam deixar
a farda em casa e sair em busca de atendimento psicológico. Muitos não encontram guarida e acabam
entrando em caminhos sem volta, como o estado depressivo que leva ao suicídio.
Neste ano, diversos casos foram registrados no Ceará. Um deles, o caso de um
capitão da PM que suicidou dentro do Palácio da Abolição após ser comunicado de
que estaria desligado do efetivo da PM junto à Casa Militar do Governo.
Suicídios na tropa - No dia 23 de janeiro, após sair de uma
reunião entre os oficiais e o novo comando da Casa Militar, o capitão PM José
Henrique Monteiro Brito (capitão Brito),
seguiu até o Pavilhão Nacional, sacou a pistola de calibre Ponto 40 (.40) da
Corporação, e disparou um tiro na cabeça. Brito foi socorrido pelos colegas de
farda para o Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro), mas não resistiu.
Na madrugada de segunda-feira de Carnaval (dia 4 de março), uma
tragédia familiar: o sargento PM Álisson Carlos Lima da Silva (sargento Álisson), matou a esposa a
tiros e em seguida suicidou-se em uma casa de praia na cidade de Paracuru, no
Litoral Oeste do estado.
No dia 24 de fevereiro, foi a
vez do soldado Francisco Igor da Silva, 24 anos, integrante do Batalhão
Raio, suicidar-se na cidade de Camocim após
sofrer uma desilusão amorosa.
Aumentou - Casos como os narrados acima são apenas
exemplos dos constantes casos de suicídios entre membros da Polícia Militar. De
acordo com os levantamentos da Aspramece, entre os anos de 2011 e 2018, 18
suicídios foram registrados entre integrantes da PM cearense.
A Assessoria de Assistência Biopsicossocial da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), revela que somente neste ano, já
foram realizados 861 atendimentos a servidores do órgão que apresentaram algum
tipo de alteração psicológica ou mental.
Na comparação deste ano, entre janeiro e agosto, com 840 Licenças Para
Tratamento de Saúde (LTS), com igual período ano passado (com 761 casos), o
aumento de afastamentos chega a 10.3 por cento.
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