quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

ASSASSINATO DE PREFEITO - Atuação política e crime passional estão entre as linhas de investigação da Polícia

Entre as linhas de investigação para o assassinato do prefeito de Granjeiro, 'João do Povo', estão a atuação política na região e crime passional - PF o investigava por fraudes em licitações de obras em escolas do Município

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Prefeito de Granjeiro tinha 54 anos e foi eleito em 2016 com 52% dos votos

Desde que o prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto (PL), o ‘João do Povo’, 54, foi executado, na última terça-feira (24), a Polícia Civil do Ceará (PCCE) realiza levantamentos com diversas equipes para descobrir a motivação e a autoria do homicídio. Entre as linhas de investigação estão a atuação política na região e a hipótese de crime passional.
Ao ser questionado sobre as duas possibilidades, o diretor de Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI-Sul), delegado Ricardo Pinheiro, confirmou que “não é descartada nenhuma das hipóteses”, mas não quis entrar em detalhes sobre as duas linhas de investigação.
Entretanto, o delegado indicou que as provas não levam a crer que os criminosos pretendiam assaltar ‘João do Povo’ – o que configuraria tentativa de latrocínio – já que nenhum pertence foi roubado. O prefeito foi morto a tiros quando caminhava ao lado do Açude Junco, próximo à sua casa.
A Polícia suspeita que um veículo Renault, filmado por câmeras de monitoramento nas proximidades da cena do crime, tenha sido utilizado pelos criminosos.

Depoimentos - Pelo menos cinco testemunhas já foram ouvidas no Inquérito Policial sobre o homicídio. Entre elas estão a companheira e o motorista da vítima, as únicas pessoas que estavam na residência do prefeito, a metros de distância do crime.
A investigação está centralizada no Núcleo de Homicídios e Proteção à Pessoa (NHPP) da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, onde as pessoas prestam depoimento sobre o caso. Colaboram com as apurações o DPJI-Sul e a Delegacia Regional de Iguatu. Depois, o caso deve ser transferido para a Delegacia Municipal de Caririaçu – responsável pelo território de Granjeiro. Equipes da PM de Cariús, Cedro, Iguatu, Juazeiro do Norte e Várzea Alegre estão mobilizadas nas buscas pelos suspeitos.

Bricolagem - João Gregório Neto era investigado na Operação Bricolagem, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU) no dia 21 de novembro de 2018, por suspeita de fraudes em licitações de obras em escolas da Prefeitura de Granjeiro.
Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão, a PF apreendeu R$ 213 mil em espécie guardados em caixas de sapato, na residência do prefeito. Segundo as investigações, ‘João do Povo’ movimentou cerca de R$ 26 milhões na conta bancária de um parente beneficiário de aposentadoria rural, em um intervalo de dois anos.
“Além do desvio, do próprio crime de fraude, ainda há a lavagem de dinheiro. Fora a questão social, um município pobre, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixíssimo. São indícios muito fortes de desvios”.

Uma cidade sem líder político - A carreira do prefeito de Granjeiro assassinado, João Gregório Neto, o João do Povo (PL), começou em 1989, quando foi eleito vereador. Trinta anos depois, tornou-se líder político local. Sua morte deixa também um Poder Executivo acéfalo. Hoje, devem ser definidos os trâmites para a posse do vice-prefeito, Ticiano Tomé (PSDB), em reunião na Câmara de Vereadores.
O vice, que estava em Fortaleza no dia do crime, é filho de Vicente Félix de Sousa, o Vicente Tomé, que já comandou a Prefeitura de Granjeiro por três vezes. Pai e filho denunciaram João do Povo na Operação Bricolagem. O vice chegou à cidade no fim da tarde de ontem e não participou do velório. O pai disse que aguarda as definições
Sem um gestor oficial, a cidade ainda não teve decretado luto pela morte de João do Povo, dois dias depois. A grave crise política atinge o único município do Ceará sob risco de ser extinto se for aprovada proposta recente do Governo Federal de extinguir municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria menor que 10% da receita total.

Prefeitos e ex-prefeitos assassinados no Ceará

– 1972: Armando Arraes Feitosa, então prefeito de Aiuaba
– 1977: Expedito Leite, então prefeito de Iracema
– 1981: Joaci Pontes, ex-prefeito de Caucaia
– 1982: João Terceiro de Sousa, ex-prefeito de Pereiro
– 1987: Almir Dutra, então prefeito de Maracanaú
– 1996: Antônio Gaudêncio Anário Braga, então prefeito de Irauçuba
– 1998: João Jaime Ferreira Gomes Filho, então prefeito do Município de Acaraú
– 2010: Antônio Mardônio Diógenes Osório, ex-prefeito de Pereiro
– 2019: João Gregório Neto, então prefeito de Granjeiro

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