Denúncia aponta que policiais
apagaram imagens registradas por câmeras de segurança próximas ao local da
matança
Carro em que vítima era feita
refém pelos bandidos foi alvo de tiros
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) afastou preventivamente três oficiais da
Polícia Militar suspeitos de terem alterado a cena do crime no assalto que
deixou 14 mortos, no município de Milagres, interior do Ceará. A decisão foi
publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), na última sexta-feira (13).
Os agentes já haviam sido retirados das funções em setembro deste ano,
pela Justiça estadual. Eles são suspeitos de envolvimento na operação policial
para impedir que criminosos atacassem duas agências bancárias em Milagres, na
madrugada do dia 7 de dezembro de 2018. Durante troca de tiros entre os
assaltantes e policiais, 14 pessoas morreram, sendo seis reféns e oito
suspeitos.
A nova decisão se refere à investigação conduzida pela CGD sobre o
caso. São alvos da determinação o tenente coronel Cícero Henrique Bezerra
Lopes, e os tenentes Joaquim Tavares Medeiros Neto e Georges Aubert dos Santos
Freitas. Este último é secretário da Segurança de Milagres.
PMs retiraram corpos com ajuda de
vice-prefeito - De acordo com o
texto que define o afastamento, baseado na denúncia apresentada pelo Ministério
Público do Estado do Ceará (MPCE) à Justiça, Georges Aubert chegou ao local do
crime e manteve contato com Cícero Henrique Bezerra, que, por telefone, acionou
o vice-prefeito do município, Abraão Sampaio de Lacerda, também denunciado por
fraude processual. Eles teriam modificado a cena do crime.
"(O vice-prefeito) estacionou seu veículo com o objetivo de
alterar a cena do crime e induzir em erro a conclusão da perícia forense, onde
passaram os três com ajuda de outros policiais não identificados a retirar os
corpos de vítimas".
O texto ainda afirma que o tenente Joaquin Tavares e outro policial
militar, após autorização, "tiveram acesso às imagens de câmera de
segurança do estabelecimento comercial 'Burundangas', localizado próximo às
agências bancárias, formatando o DVR, apagando as imagens registradas naquele
aparelho".
O HD com as imagens da operação policial teria sido formatado duas
vezes entre 6h52 e 7h52 do dia 7 de dezembro de 2018, "demonstrando
claramente a intenção de dificultar a investigação".
19 policiais denunciados - Ao todo, 19 PMs foram denunciados por
envolvimento no massacre em Milagres. Conforme a investigação do MPCE, as lesões
que causaram as mortes de cinco dos seis reféns foram provocadas por disparos
de fuzil efetuados por policiais.
Além de homicídio, eles são acusados de fraude processual, já que,
conforme a denúncia, tentaram apagar as provas da ação, recolheram projéteis e
moveram os cadáveres do local do crime.
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