segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Denúncia de violência policial - Cabeleireiro abordado por PMs foi morto por 'asfixia mecânica'

Aldicélio da Silva morreu no dia 1º de janeiro deste ano, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Conjunto José Walter

Cabeleireiro morreu após abordagem policial no Bairro Barroso, em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal
Cabeleireiro morreu após abordagem policial em Fortaleza

O laudo cadavérico da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) apontou que o cabeleireiro Aldicélio da Silva Frazão, de 31 anos, foi morto por "asfixia mecânica por mecanismo constrictor cervical". Aldicélio morreu no dia 1º de janeiro deste ano, após ser abordado por policiais militares no Bairro Barroso, em Fortaleza.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) determinou a instauração de uma investigação preliminar para apurar o ocorrido na esfera administrativa. O órgão acrescentou que a apuração possui "caráter reservado". Já a Polícia Militar ressaltou que a investigação "é preliminar para a devida apuração do fato na seara administrativa, estando esta, atualmente, em andamento".
O cabeleireiro foi detido por suspeita de tráfico de drogas, no dia 28 de dezembro do ano passado. Em sua casa, foram encontrados um revólver, munição, além de maconha e cocaína. Depois da abordagem, Aldicélio foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Conjunto José Walter, como suposta vítima de afogamento. Familiares denunciam que o cabeleireiro foi morto por policiais. Já a Polícia Militar afirmou, em nota, que Aldicélio passou mal e desmaiou ao ser abordado.
A Pefoce concluiu, no dia 9 de janeiro, que Aldicélio tinha "infiltrados hemorrágicos em musculatura cervical paratraqueal bilateralmente", "contusão de traquéia e esôfago", e "fratura do osso hioide (que fica embaixo da mandíbula)".
Dois peritos que preferiram não se identificar, analisaram o laudo e informaram que a asfixia se deu por força feita no pescoço, possivelmente com o braço, o que se classificaria como enforcamento. A lesão teria ocasionou uma hemorragia na garganta.

Versões contraditórias - Apesar de Aldicélio ter sido levado à UPA como vítima de afogamento, o médico responsável pelo primeiro atendimento identificou "respiração inadequada", com um diagnóstico hipotético de "asfixia", segundo a ficha de atendimento.
Em depoimento à Polícia Civil, os policiais militares contaram que o cabeleireiro passou mal durante a abordagem, tossindo e apresentando sinais de engasgo. Os agentes afirmaram que tentaram realizar "manobras de desengasgo" e depois o levaram à UPA.
A família do cabeleireiro acredita que Aldicélio foi morto pelos PMs após uma sessão de tortura, dentro de sua residência, onde também funcionava um salão de beleza.

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