Estado recebeu reforço da Força
Nacional e Forças Armadas - Policiais militares do estado fazem motim por aumento
salarial
Veículo
bateu em muro após mulher ser baleada em latrocínio em Fortaleza
O Ceará registrou o período mais violento do ano entre quarta-feira
(19) e quinta. Foram 29 assassinatos no estado, conforme a Secretaria Estadual
de Segurança Pública. O recorde das mortes ocorre em meio ao motim dos
policiais e bombeiros militares do estado por aumento salarial.
De 1º de janeiro a 18 de fevereiro deste ano, a média no Ceará foi de
seis homicídios por dia. Até então, a data mais violenta do ano tinha sido 18
de janeiro, quando ocorreram 17 crimes violentos letais.
Cronologia do motim de policiais
militares no Ceará - A violência,
no entanto, continuou no Ceará. Na madrugada desta sexta-feira, foram
registrados pelo menos mais dois assassinatos. No Bairro Vicente Pinzón, em
Fortaleza, um adolescente de 16 anos foi surpreendido por cerca de sete homens
que estavam a bordo de várias motocicletas e foi morto a tiros. No Bairro José
Walter, um tiroteio em uma praça deixou uma pessoa morta e outra ferida.
Na noite de quinta-feira, após reunião entre representantes dos policiais
e comissão de senadores, os policiais militares que participam do movimento
decidiram recusar proposta do governo para chegar a um acordo do fim da
paralisação. “Mas nós vamos continuar aqui (no quartel) com a decisão da
maioria da categoria e nós só estamos aqui para obdecer o que a maioria
decidiu", disse o ex-deputado Cabo Sabino, um dos representantes do
movimento.
Violência no Ceará - Em um dos crimes ocorridos nesse período,
Maria de Paula Moura foi vítima de latrocínio no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza,
na noite de quarta-feira.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública, policiais amotinados
realizam atos de "vandalismo", furando pneus de veículos da Polícia
Militar para tentar impedir o trabalho dos demais policiais militares.
Em um momento crítico da crise, o senador licenciado Cid Gomes foi
baleado no peito quando tentou entrar com uma retroescavadeira em um batalhão
onde policiais estavam amotinados em Sobral. Cid recebe atendimento em hospital
particular de Fortaleza e não corre risco de morrer.
Maria de Paula foi baleada pelos
suspeitos no bairro Edson
Na terça-feira, três policiais foram presos suspeitos de furarem pneus
de carros da Polícia Militar. No terceiro dia de motim dos policiais, pelo
menos cinco batalhões da PM foram invadidos e tiveram os pneus esvaziados ou
rasgados.
A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos
atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo
de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5
mil seja implementado já neste ano.
Reforço na segurança - Como reação ao motim dos policiais, o
governador do Ceará, Camilo Santana, determinou que policiais civis fizessem
patrulhas nas ruas.
O Governo Federal atendeu a pedido do governador e enviou tropas das
Forças Armadas e Força Nacional para reforçar a segurança no estado.
O envio de tropas do Exército ocorre por meio da implementação da
Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Conforme o Ministério da Defesa, a aplicação
da Garantia da Lei e da Ordem ocorre "nos casos em que há o esgotamento
das forças tradicionais de segurança pública" e em "graves situações
de perturbação da ordem". Nesses casos, é concedido a militares das Forças
Armadas o "poder de polícia até o restabelecimento da normalidade".
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