A decisão tomada pelos PMs pode reduzir o patrulhamento em
vários municípios

Soldados, cabos e sargentos estão insatisfeitos com o
reajuste salarial anunciado
A onda de descontentamento
de policiais militares cearenses após o anúncio do reajuste salarial parcelado
já começa a refletir no comportamento da tropa. Em várias cidades do Interior,
os PMs decidiram, nas últimas 24 horas, não mais se voluntariar para o serviço extra nas horas de folga, batizado de Indenização
de Reforço ao Serviço Operacional (IRSO). A atitude dos militares pode reduzir
o patrulhamento nas ruas de, pelo menos, 12 cidades do Interior, além da
Capital.
Nas redes sociais,
militares postaram mensagens informando que deixarão de atuar da IRSO nas
cidades de Morada Nova, Barbalha, São Gonçalo do Amarante, São Benedito,
Tianguá, Boa Viagem, Limoeiro do Norte, Parambu, Canindé, Sobral, Mombaça e
Quixeramobim.
A decisão teria sido
tomada por policiais militares do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e de
unidades especiais como o Raio (Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas) e a
Força Tática (FT) de vários batalhões. O
Comando-Geral da PM e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS), não se manifestaram sobre o assunto.
A IRSO foi estabelecida
como uma forma do policial militar e bombeiro militar complementar a renda
através de trabalho voluntário em seus dias e horários de folga, como forma de
reforçar o contingente em operação nas ruas.
De acordo com a lei, o
policial militar pode concorrer a até duas escalas especiais de reforço ao
serviço operacional por semana, totalizando, no máximo, 12 horas semanais e 48
horas mensais, a título de reforço de policiamento. Cada turno na IRSO é de seis horas de
trabalho.
Insatisfação - A insatisfação da
tropa, especialmente das praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) veio
à tona ainda na sexta-feira passada (31), após o secretário da Segurança
Pública e Defesa Social, delegado federal André Costa, anunciar o reajuste
salarial em sua página na rede social Instagram. Ele chamou o reajuste de
“Pacote de Valorização dos Profissionais da Segurança Pública”, e reiterou que
o governo do estado “cumpriu a palavra” ao formalizar o “aumento” dos vencimentos
dos servidores, parcelado em quatro vezes, entre março de 2020 e dezembro de
2022.
Insatisfeito com o
“pacote”, a tropa começou a se manifestar, ainda na sexta-feira (31) e logo, as
lideranças da categoria anunciaram para a próxima quinta-feira (6), uma nova
manifestação de policiais e bombeiros militares e seus familiares na Assembleia
Legislativa do Estado.
Conforme a categoria, o
reajuste anunciado pelo governo sequer repõe as perdas da inflação acumulada
nos últimos quatro anos, período em que não houve reajuste dos salários da
classe.
Já o governador Camilo
Santana (PT) disse, ontem (3), que o reajuste foi maior que a “Média do
Nordeste” prometida à categoria e que há casos de soldados que terão
vencimentos acima de R$ 8 mil, versão que é contestada pela categoria. Já as associações de classe da PM e do CBM
estão orientando os militares a não mais se inscreverem nas vagas para a IRSO.
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