Policial e ex-deputado federal,
Sabino é denunciado por seis crimes
Sabino é ex-deputado federal e é
considerado líder da manifestação dos PMs
A Justiça do Ceará
recebeu na última segunda-feira (16), por meio da Vara da Auditoria Militar do
Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), a denúncia do Ministério Público do Ceará
(MPCE) contra Flávio Alves Sabino, o Cabo Sabino. O cabo da reserva da Polícia
Militar do Ceará e ex-deputado é considerado líder do motim protagonizado por
centenas de policiais militares durante o último mês de fevereiro.
O juiz Roberto Soares
Bulcão Coutinho aceitou a denúncia na íntegra e afirmou que o argumento do
Ministério Público "engloba os requisitos básicos e elementares de
admissibilidade... não vislumbrando qualquer das circunstâncias ensejadoras de
sua rejeição".
Sabino é denunciado
por seis crimes, entre eles incentivar a desobediência e desrespeito a
superiores na hierarquia militar.
Encapuzados ocupam unidade da
tropa de elite da PM do Ceará em Sobral
O motim de grupos de policiais militares durou 13 dias no Ceará.
Durante o período, batalhões foram ocupados pelos amotinados, centenas de
viaturas tiveram pneus secos e furados e houve a escalada da violência no
estado. Nestas quase duas semanas, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS) contabilizou 312 mortes violentas.
A paralisação acabou sem que os policiais tivessem atendida a principal
reivindicação da categoria, a anistia dos amotinados.
'Cabeça' do movimento - O MPCE acusou Flávio Sabino de atuar como
"cabeça" do motim instaurada por parte dos policiais. A denúncia
inclui os crimes baseados no Código Penal Militar: incitamento, aliciamento
para motim ou revolta, motim, revolta, omissão de lealdade militar, publicação
ou crítica indevida e inobservância de lei, regulamento ou instrução.
Policiais são investigados por
motim no Ceará em meio a uma crise na segurança pública
A peça afirma que o cabo se utilizou do seu perfil nas redes sociais
para instigar a paralisação. Trechos dos discursos foram anexados aos autos. Em
um deles há a seguinte fala de Sabino:
"Quem quer parar a tropa não chama para a Assembleia, porque
Polícia não para no meio da rua, Polícia para em quartel". Durante os dias
de motim, o cabo participou da ocupação do 18º Batalhão da Polícia Militar, no
Bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza.
Também consta na denúncia fragmentos de transmissões ao vivo
protagonizadas pelo acusado. Em um dos vídeos gravado pelo Cabo Sabino, ele
orientou que policiais militares não fossem aos postos de trabalho durante a
Operação Carnaval 2020.
"Meus irmãos, amanhã, se vocês forem se apresentar, vocês vão
trair o movimento. É traição mesmo. Meu amigo, falta de serviço não é
crime."
No momento em que, mesmo sem a anistia, a maior parte dos militares
decidiu pelo fim da paralisação, o Cabo Sabino declarou que ali eles estavam
assinando a sua demissão. Se condenado, o acusado pode cumprir pena de até 42
anos.
Os crimes militares pelos quais
Sabino foi denunciado são
- Incitar a desobediência, a indisciplina ou a prática de crime
militar, com pena de até quatro anos em caso de condenação.
- Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes
previstos no capítulo anterior, com pena de até quatro anos em caso de
condenação.
- Reunião de militares ou assemelhados: agindo contra a ordem de
superior; recusando obediência a superior; assentindo em recusa conjunta de
obediência; ocupando quartel, com pena de até oito anos; revolta, se os agentes
estavam armados, com pena de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os
cabeças.
- Deixar o militar de levar ao conhecimento do superior o motim ou
revolta.
- Criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à
disciplina militar, com pena de até um ano em caso de condenação.
- Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou
instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração
militar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário