terça-feira, 10 de março de 2020

Polícia investiga nova facção no Ceará responsável por ao menos 18 assassinatos

Grupo é uma extensão de uma organização criminosa de origem carioca - Chefe do bando é um dos mais procurados do estado e há recompensa de R$ 10 mil por informações que ajudem na sua captura

Polícia investiga nova facção no Ceará responsável por ao menos 18 assassinatos — Foto: Rafaela Duarte/SVM
Polícia investiga nova facção no Ceará responsável por ao menos 18 assassinatos

Uma facção criminosa surgida no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como um braço de uma organização de origem carioca, tem provocado uma série de assassinatos nos últimos cinco anos – antes mesmo de ter seu surgimento descoberto. Documentos apontam que integrantes do grupo criminoso são investigados por, pelo menos, 18 homicídios desde 2016.
Caucaia tem causado preocupação na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) por ter apresentado, nos últimos meses aumento crescente no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) – que abrangem homicídios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios. De acordo com o órgão, só nos dois primeiros meses do ano, foram registrados 81 assassinatos.
É nesse contexto de insegurança e violência que surge a nova facção cearense, comandada por Alban Darlan Batista Guerra, 24. Ele é um dos homens mais procurados do estado, pelo qual o Governo do Ceará oferece R$ 10 mil a quem subsidiar informações que possam levar à sua captura. Apenas sobre Darlan pesam a apuração de oito homicídios, incluindo a do seu cunhado Francisco José da Silva Barros, morto em 10 de fevereiro após uma suposta discussão com a irmã do procurado pela Justiça.
Os documentos apontam ainda a responsabilidade de Walisson César Marinho Borges, 23. O jovem é integrante do grupo criminoso e confessou, em depoimento à Polícia Civil, participação em oito assassinatos; outros dois foram confirmados por um de seus supostos comparsas. Francisco Vitor Almeida de Azevedo, de 18 anos, ressaltou, também em depoimento, ter participado com ele de outros dois homicídios.

Demais integrantes - Foram identificados pelas investigações outras oito pessoas que integram a facção ou participaram de crimes na companhia deles. A área de atuação, segundo as investigações da Polícia Civil se dá, principalmente, no bairro Padre Júlio Maria, em Caucaia, mas também há influência em locais vizinhos, como Capuan e Jandaiguaba.
Conforme a Delegacia Metropolitana de Caucaia, Alban Darlan Batista Guerra “montou uma equipe de adolescentes e foi crescendo. Passaram a traficar drogas e se aliaram ao outro lado do (bairro) Padre Júlio Maria. Eles aumentaram o grupo, receberam apoio de um e de outro e aí surgiu (a facção)”.
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), afirmou, em nota, que “tem conhecimento da existência de um novo grupo criminoso em Caucaia” e que “há mandado de prisão em aberto contra Alban Darlan Batista Guerra”. Porém, o MPCE disse não divulgar mais detalhes “para não prejudicar as investigações”.

Pai de procurado da Justiça é subtenente - Francisco Eufrásio Guerra, 71, é subtenente da Polícia Militar e pai de um dos homens mais procurados do Estado, o foragido da Justiça, Alban Darlan Batista Guerra, 24. O militar foi condenado pela Justiça em agosto de 2018 por ter negociado de forma irregular a compra de uma arma de fogo, a qual foi parar nas mãos do filho. O oficial da PM foi preso em outubro de 2017 e ficou detido por pouco mais de nove meses, até sair a decisão do juiz Ricardo Bruno Fontenelle, da Comarca de Caucaia, que o liberou.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, Darlan foi preso com uma pistola calibre .380 e liberado após pagar fiança de R$ 900. O armamento foi negociado pelo pai dele com um homem não identificado que vive na cidade do Crato, interior do Ceará. A informação foi confirmada pelo próprio Eufrásio Guerra, em depoimento. O valor da arma girava em torno de R$ 4 mil, e o equipamento não possuía nenhum registro.
O subtenente foi condenado pela Justiça pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, por ter adquirido o material de forma irregular. A pistola era, na verdade, de um policial militar do Estado do Piauí, que havia sido roubada. Eufrásio Guerra disse desconhecer o dono do armamento.

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