Em abril de 2019, eram oito cidades com dificuldade no fornecimento
hídrico domiciliar urbano - Em igual período deste ano, o índice caiu para seis
- No mês passado, 12 municípios estavam nesta situação, ou seja, o dobro
A cidade de Boa Viagem está há
cinco anos em situação crítica de abastecimento
As chuvas acima da média registradas
no Ceará no trimestre inicial de 2020 possibilitaram o início de reversão de um
quadro crítico no abastecimento hídrico domiciliar. Em abril do ano passado,
oito municípios - Itapiúna, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Milhã, Boa Viagem,
Parambu, Pereiro e Piquet Carneiro - enfrentavam medidas de contingência no
abastecimento urbano.
Em igual período de 2020, este
número caiu para seis: Itapiúna, Milhã, Monsenhor Tabosa, Mombaça, Boa Viagem e
Salitre. Se comparado abril ao mês anterior, o número regrediu pela metade. Em
março deste ano, eram 12 cidades e, em igual período de 2018, 46. As ações de
contingência englobam rodízio entre os bairros na distribuição de água e racionamento
em dias alternados.
As cidades de Acopiara, Iguatu, Icó, Pereiro, Parambu e
Quixeramobim que, até o mês passado, integravam a lista de municípios em regime
de contingência, agora voltaram à normalidade. A mudança de patamar deve-se ao
aporte conquistado em mais de 100 açudes do Estado ao longo dos primeiros três
meses deste ano. O Trussu foi um desses reservatórios.
Em 13 de março de 2020, ele
acumulava apenas 1,35% de seu volume total. Duas semanas depois saltou para
impressionantes 16%. "Ele (Trussu) é responsável pelo abastecimento das
cidades de Iguatu e Acopiara e, com esse volume, já dá segurança hídrica de
pelo menos dois anos aos dois municípios". Juntas, essas duas cidades do
Centro-Sul somam quase 200 mil habitantes.
Dos seis municípios que ainda
enfrentam contingenciamento no abastecimento domiciliar, três estão em maior
nível de criticidade: Monsenhor Tabosa e Milhã, geridas pela Cagece, e Boa
Viagem, cuja responsabilidade do abastecimento compete ao Serviço Autônomo de
Água e Esgoto (Saae).
Esses dois primeiros centros
urbanos já vivenciam situação delicada há dois anos. O Açude Monsenhor Tabosa
há oito anos vem registrando consecutivas perdas de volume, declinando de
76,75% em 2012, para 0,34, em 1º de abril de 2020. "Essa é a pior situação".
Alternativas - O secretário executivo da Secretaria de Recursos
Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara, pontua que a política pública de perfuração
de poços profundos, intensificada desde o início do mais recente ciclo de
estiagem que o Ceará enfrentou a partir de 2012, assegurou o abastecimento de
cidades e de centenas de localidades rurais. "Hoje, 55 municípios se
beneficiam de poços profundos. Essas implantações ajudam a garantir o abastecimento
de muitas pessoas".
Outra alternativa foi a expansão
das adutoras de montagem rápida. A cidade de Pereiro, no Médio Jaguaribe,
também enfrentou uma crise de desabastecimento que perdurou até o fim de 2019,
mas a partir da implantação da adutora - que capta água no Rio Jaguaribe e
transporta o recurso hídrico por 40km -, agora está fora do quadro de cidades
com contingência no sistema de distribuição de água.
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