A Operação, deflagrada em 2019,
prendeu nove policiais do Batalhão da Polícia do Meio Ambiente de Sobral,
investigados por cometer crimes como concussão (exigir vantagem indevida) e
corrupção passiva
Policiais foram presos durante
operação em Sobral
O Ministério Público do Ceará (MPCE) investiga se os policiais
militares presos na Operação Espanta Raposa têm alguma ligação com ex-gestores
públicos do município de Tianguá, na Região Norte do Estado, suspeitos de
crimes como corrupção e fraude em procedimentos licitatórios na Prefeitura.
A Operação, deflagrada em 28 de março de 2019, prendeu nove policiais
do Batalhão da Polícia do Meio Ambiente (BPMA) de Sobral, investigados por
cometer crimes como concussão (exigir vantagem indevida) e corrupção passiva.
A 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Tianguá enviou um ofício à
Vara da Auditoria Militar, no último dia 20 de abril, para pedir acesso
integral aos áudios da Operação, que foram obtidos pelo Núcleo de Investigação
Criminal (Nuinc), do MPCE, através de interceptação telefônica autorizada pela
Justiça. O juiz ainda não se manifestou sobre o pedido.
Segundo o documento, "os assuntos tratados nas conversas captadas
[...] tem relação direta com as atribuições dessa Promotoria no combate à
corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e improbidade".
A investigação envolve "o ex-prefeito de Tianguá, policiais
militares e outros agentes públicos que, conforme elementos colhidos teriam
fraudado a execução de contratos de locação de veículos, com superfaturamento,
favorecimentos a pessoas do mesmo grupo, desvio de recursos, etc.",
completa o promotor de Justiça, sem citar qual o ex-prefeito de Tianguá que é
investigado ou o nome de outras pessoas.
Crimes militares - Os nove policiais militares investigados na
Operação Espanta Raposa já viraram réus no processo, mas respondem em
liberdade.
Os PMs acusados são: o tenente-coronel Paulo de Tasso Marques de Paiva
(comandante da unidade do BPMA de Sobral à época), o major Francisco Marcelo
Nantuã Beserra, os sargentos Raimundo Nonato Cruz, Jorge Luís de Sousa, Marcelo
Cristiano de Melo, Reginaldo Bento de Araújo, Antônio Barbosa Filho e Décio
Alves Fernandes e o soldado Pablo Weslly Cavalcante de Sousa.
As defesas dos policiais negam o cometimento dos crimes.
Segundo as investigações do Ministério Público, o grupo de militares
exigia até R$ 20 mil de empresários com frequência e, para ser atendido,
ameaçava apreender materiais, fechar estabelecimentos e até prender ou matar.
Em uma conversas interceptadas pela Justiça, o tenente-coronel Paulo de
Tasso conta a um homem não identificado que ameaçou um terceiro para pagá-lo R$
1 mil semanal. Os dois riem da situação e combinam de cobrar outra pessoa.
Em outra conversa, o sargento Jorge Sousa pede para o seu filho ir a um
galpão de um português, em Tianguá, pegar um "radem" (que, em
ciganês, significa dinheiro). Na ligação seguinte, o jovem confirma o
recebimento de R$ 800. Para os investigadores, os dois pagamentos têm origem
criminosa.
A investigação também descobriu que o sargento Marcelo de Melo tinha o
hábito de liberar suspeitos e materiais que eram abordados pelo Batalhão de
Polícia Rodoviária Estadual (BPRE), onde ele trabalhava antes de ir para o
BPMA. Em um dos casos, bastou um empresário de uma banda de forró, na posse de
um veículo irregular, dizer "eu sou amigo do Melo" para ser liberado.
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