Pesquisadores tiveram problemas
em quatro cidades do Ceará
Pesquisadores de estudo de campo sobre a propagação do coronavírus no
Brasil têm enfrentado dificuldade. A pesquisa intitulada ‘Evolução da
Prevalência de Infecção por Covid-19’ é realizada pela Universidade Federal de
Pelotas (UFPel) a pedido do Ministério da Saúde em 133 cidades do País. Em 75
municípios houve algum tipo de problema. Quatro
deles estão no Ceará.
O impasse acontece por causa da falta de informação repassada pelo
ministério às secretarias da saúde dos municípios. Em Crateús, Iguatu, Juazeiro do Norte e Sobral, as
pastas não foram comunicadas, e o trabalho dos pesquisadores foi interrompido.
A única cidade cearense a não registrar problema na execução da
pesquisa foi Quixadá. Em nota, a Secretaria da Saúde do Município esclareceu
que recebeu um comunicado do ministério sobre a pesquisa.
Segundo a UFPel, o Ministério da Saúde teria enviado comunicado para as
secretarias estaduais da saúde sobre a realização do estudo. No entanto, essa
informação não teria chegado a parte das prefeituras.
Problemas no interior - Na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul
do Ceará, a equipe de pesquisadores foi conduzida à delegacia e o material foi
apreendido e entregue à Vigilância Sanitária do Município para ser descartado.
“Estava tudo em um quarto de pousada, acondicionado de forma errada e os testes
não tinham registros do Ministério da Saúde”, observou a presidente do Conselho
das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Sayona Moura.
Em Juazeiro do Norte, o trabalho foi interrompido e a equipe voltou a
Fortaleza.
Na cidade de Sobral, após impasse inicial causado por denúncias de
moradores, a Secretaria da Saúde entrou em contato com o ministério e a
pesquisa foi liberada. No entanto, apesar do aval da Prefeitura, os
pesquisadores relatam dificuldades para executar o trabalho. A maioria dos
moradores se recusa a participar.
Críticas - Para Sayonara Moura, presidente do Cosems,
a forma como a pesquisa começou no Ceará mostra que houve falta de planejamento
das ações pelo Ministério da Saúde. “Considero muito grave, pois os
pesquisadores não são técnicos de enfermagem e nem enfermeiros. Há indícios de
exercício ilegal da profissão e de risco para a saúde, pois condicionam o
material de forma incorreta”.
Pesquisadores começam testes rápidos de covid-19 na periferia, mas ...
O delegado de Polícia Civil de Iguatu, Wesley Alves, esclareceu que os
pesquisadores que atuavam no Município vão responder judicialmente por colocar
em risco a saúde da população e por prática de exercício ilegal da profissão.
A pesquisadora Joana Porto ressaltou que toda a equipe recebeu
treinamento para desempenhar o trabalho no estudo.
Pesquisa - A pesquisa faz parte do estudo ‘Evolução
da Prevalência de Infecção por Covid-19’ e deve ser realizada em 99.750 pessoas
de 133 municípios de todas as regiões do país. Os participantes serão
submetidos ao teste rápido (sorologia), que identifica se a pessoa já teve a
doença.
O estudo deve ter três etapas. Em cada uma, 250 moradores de cada cidade
são ouvidos sobre isolamento social e estado de saúde, e é aplicado o teste
rápido para Covid-19.
O objetivo é ter uma visão mais precisa do número de pessoas infectadas
pelo coronavírus, que pode ser muito maior que o oficialmente registrado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário