terça-feira, 19 de maio de 2020

Pesquisa sobre propagação da Covid-19 causa impasse no interior

Pesquisadores tiveram problemas em quatro cidades do Ceará

Pesquisa sobre propagação da Covid-19 causa impasse no interior ...
Pesquisadores de estudo de campo sobre a propagação do coronavírus no Brasil têm enfrentado dificuldade. A pesquisa intitulada ‘Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19’ é realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a pedido do Ministério da Saúde em 133 cidades do País. Em 75 municípios houve algum tipo de problema. Quatro deles estão no Ceará.
O impasse acontece por causa da falta de informação repassada pelo ministério às secretarias da saúde dos municípios. Em Crateús, Iguatu, Juazeiro do Norte e Sobral, as pastas não foram comunicadas, e o trabalho dos pesquisadores foi interrompido.
A única cidade cearense a não registrar problema na execução da pesquisa foi Quixadá. Em nota, a Secretaria da Saúde do Município esclareceu que recebeu um comunicado do ministério sobre a pesquisa.
Segundo a UFPel, o Ministério da Saúde teria enviado comunicado para as secretarias estaduais da saúde sobre a realização do estudo. No entanto, essa informação não teria chegado a parte das prefeituras.

Problemas no interior - Na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, a equipe de pesquisadores foi conduzida à delegacia e o material foi apreendido e entregue à Vigilância Sanitária do Município para ser descartado. “Estava tudo em um quarto de pousada, acondicionado de forma errada e os testes não tinham registros do Ministério da Saúde”, observou a presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Sayona Moura.
Em Juazeiro do Norte, o trabalho foi interrompido e a equipe voltou a Fortaleza.
Na cidade de Sobral, após impasse inicial causado por denúncias de moradores, a Secretaria da Saúde entrou em contato com o ministério e a pesquisa foi liberada. No entanto, apesar do aval da Prefeitura, os pesquisadores relatam dificuldades para executar o trabalho. A maioria dos moradores se recusa a participar.

Críticas - Para Sayonara Moura, presidente do Cosems, a forma como a pesquisa começou no Ceará mostra que houve falta de planejamento das ações pelo Ministério da Saúde. “Considero muito grave, pois os pesquisadores não são técnicos de enfermagem e nem enfermeiros. Há indícios de exercício ilegal da profissão e de risco para a saúde, pois condicionam o material de forma incorreta”.
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O delegado de Polícia Civil de Iguatu, Wesley Alves, esclareceu que os pesquisadores que atuavam no Município vão responder judicialmente por colocar em risco a saúde da população e por prática de exercício ilegal da profissão.
A pesquisadora Joana Porto ressaltou que toda a equipe recebeu treinamento para desempenhar o trabalho no estudo.

Pesquisa - A pesquisa faz parte do estudo ‘Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19’ e deve ser realizada em 99.750 pessoas de 133 municípios de todas as regiões do país. Os participantes serão submetidos ao teste rápido (sorologia), que identifica se a pessoa já teve a doença.
O estudo deve ter três etapas. Em cada uma, 250 moradores de cada cidade são ouvidos sobre isolamento social e estado de saúde, e é aplicado o teste rápido para Covid-19.
O objetivo é ter uma visão mais precisa do número de pessoas infectadas pelo coronavírus, que pode ser muito maior que o oficialmente registrado.

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