Preso há 11 dias e incomunicável, um soldado da Polícia Militar cumpre
medida judicial após ter feito críticas, através das redes sociais, ao governo
do estado e à Secretaria da Segurança Pública. O PM, identificado como Márcio
Wescley Oliveira dos Santos, foi detido em casa, por colegas de farda do
Batalhão de Operações Especiais (Bope) e está impedido pelo Comando-Geral da PM
ter contato até com seus familiares.
Na última segunda-feira (22), a esposa do militar fez um apelo nas
redes sociais para denunciar a forma como o marido está sendo tratado pelo
Comando-Geral da PM. Sem ter acesso ao esposo, ela fez um apelo por ajuda. “Ele está preso porque falou a verdade”,
disse a esposa do militar.
“Ele não matou nem roubou, nem
traficou. Simplesmente, fez uso da sua liberdade de expressão. Por favor, peço
ajuda de vocês. Estou desesperada”,
completou.
O Comando-Geral da PM silencia sobre o caso. A Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS) também.
Desesperada, a esposa diz que está sendo obrigada a mentir há 11 dias
para os filhos, que perguntam insistentemente onde está o pai. “Minto, digo que ele está viajando”. A ordem judicial para a prisão do soldado
aconteceu dias após ele fazer um desabafo emocionado após ter mais um colega de
farda assassinado por bandidos, em Fortaleza.
Outro PM punido - Em outra medida de retaliação contra a
tropa, o Comando-Geral da PM transferiu para o Batalhão de Segurança
Patrimonial (BSP), o 2º sargento PM Francisco Gessildo do Nascimento Pereira,
que filmou com seu aparelho celular a situação em parte do bairro Vila Velha,
na zona Oeste de Fortaleza, onde dezenas de casas estão abandonadas. Famílias
foram expulsas de suas residências por bandidos pertencentes à facções
criminosas. Hoje, a área é conhecida como a “Cidade Fantasma”. O vídeo do PM acabou “vazando” nas redes
sociais.
O militar pertencia ao efetivo da 2ª Companhia do 20º Batalhão
(Pirambu) e foi punido pelo Comando-Geral com a transferência, deixando de
atuar nas ruas contra o crime para vigiar prédios públicos, fazendo papel de
vigilante.
Agentes mortos - Neste ano, já são 12 agentes da Segurança
Pública mortos nas ruas da Grande Fortaleza. A maioria tombou sem vida ao
reagir contra assaltantes.
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