Investigação é um desdobramento
da Operação Vereda, deflagrada pela PF em 2017
Ministério Público apura venda de
armas por policiais a traficantes
O Ministério Público do Ceará (MPCE) apura a venda de armas de fogo
feita por policiais civis da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) a
criminosos. A ação é um desdobramento da Operação Vereda, deflagrada há dois
anos e meio pelo comando da Polícia Federal (PF), que investiga supostos crimes
cometidos dentro da unidade especializada, como roubo, extorsão e organização
criminosa.
Apesar da investigação ser da Polícia Federal, a 32ª Vara da Justiça
Federal no Ceará deixou a competência parcial do processo e enviou os autos e
um áudio para o MPCE apurar a suspeita de venda de armas por agentes da
segurança pública em 2019.
Em 14 de maio deste ano, o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), do
Ministério Público, enviou um ofício à 32ª Vara Federal para solicitar as
cópias da investigação, já que "tais documentos não se encontram acostados
nestes autos, não nos permitindo ter o conhecimento dos elementos já colhidos
durante a investigação criminal".
Operação - A Polícia Federal já deflagrou duas fases da
Operação Vereda para combater os crimes cometidos na Divisão de Combate ao
Tráfico de Drogas. Na primeira, em 6 de dezembro de 2017, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão contra três delegados, mais 13 policiais civis e
outras nove pessoas. Seis suspeitos, sendo dois inspetores da especializada,
foram presos em flagrante, na posse de ilícitos.
A investigação começou após um acordo de colaboração premiada entre o
português Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro, acusado de comercializar
ilegalmente anabolizantes vindos da Europa para o Ceará, e o Ministério Público
Federal (MPF). O estrangeiro delatou que teve os bens subtraídos por policiais
civis em pelo menos duas ocasiões, em 2015, e ainda teve que pagar propina,
para não ser preso.
Na segunda fase da Operação, batizada 'Vereda Sombria', em 27 de julho
de 2018, a PF cumpriu mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal contra
16 integrantes da DCTD.
Os policiais civis são suspeitos de crimes como extorsão, roubo,
receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de
organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da
função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio. A Operação
Vereda resultou também no afastamento dos servidores e na troca do efetivo da DCTD,
da direção aos inspetores.
Os policiais civis negam as acusações e afirmam que foram vítimas de
uma investigação conduzida equivocadamente por um delegado da Polícia Federal.
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