Se agraciada com a beatificação,
Irmã Clemência será a segunda cearense a ter o título
Celebrações visam expandir a
história de devoção da Irmã, que atuou majoritariamente na região do Maciço de
Baturité

Irmã Clemência
Esta semana completam-se os 54 anos da morte de Irmã Clemência,
religiosa nascida em Redenção que pode ser candidata a segunda beatificação
cearense. Para relembrar a vivência da Serva de Deus, uma novena virtual está
sendo realizada desde o último dia 26 pela Paróquia Nossa Senhora da Palma, em
Baturité - cidade onde a Irmã teve maior devoção devido aos seus atendimentos a
enfermos pobres da região.
Nascida Francisca Benícia de Oliveira, as celebrações acontecem com o
intuito de agregar mais admiradores e de resgatar as memórias da persona. Os
eventos são virtuais e estão sendo transmitidos pela página do Facebook
especialmente criada para congregar os devotos. A rede social permitiu a
criação, inclusive, de grupos onde os membros relatam seus milagres e
responsabilizam Clemência pela graça alcançada.
Ela ficou conhecida pelos atendimentos de saúde aos moradores da região
do Maciço de Baturité. Mesmo sem ter nenhum curso de enfermagem ou de medicina,
Benícia aprendeu na lida e oferecia gratuitamente os seus serviços no
ambulatório São José, no município.Atualmente, o pedido tramita no Vaticano, em Roma, para que a Irmã
possa ter o título de Venerável. Seguindo esta designação, a abertura do
processo de beatificação deve ser concluída. O posto é o mais próximo da
canonização - titulação recentemente dada à Irmã Dulce, a primeira Santa
brasileira.
Uma vida de devoção aos pobres - Ela foi considerada como a irmã dos pobres,
a Irmã Dulce da região. Apesar de nascida em Redenção, foi no Maciço que a
religiosa alcançou suas maiores graças - a de ajudar a quem mais precisava.
"Benecinha", como era chamada carinhosamente em casa, tinha
18 anos quando a mãe morreu. Cuidou com seu pai junto dos irmãos em Maranguape.
Em Fortaleza, trabalhou por duas décadas no colégio Imaculada Conceição, antes
de ser transferida para Pacoti e Baturité - lá, participou da sociedade Filhas
da Caridade de São Vicente de Paulo e teve grande parte de suas atividades
realizadas no Maciço.
Caracterizada por um chapelão branco, a religiosa atendia e cuidava de
doentes da região, mesmo sem ter qualquer qualificação comprovada em enfermagem
ou medicina. No ambulatório São José tratava dos doentes com materiais recebidos
por doações da Capital. "Ela era conhecida como a 'Irmã pidona' e
mensalmente fazia isso devido à época em que Baturité não tinha médico. Ela foi
pioneira".
Anos após sua morte, em 1966, os feitos continuaram reverberando entre
as gerações da cidade até chegar no dom Aloísio Lorscheider. Em 1994, o
sacerdote abriu o processo diocesano da Irmã, concluído em 2010 por dom José
Antônio Tosi que a reconheceu como Serva de Deus. Com o rol do processo romano,
14 virtudes heroicas precisam ser atestadas para confirmá-la como Venerável.
Se agraciada com a beatificação, Irmã Clemência será a segunda cearense
a ter o título. A primeira foi a Menina Benigna teve a celebração confirmada em
janeiro deste ano. Com apenas 13 anos, Benigna Cardoso da Silva foi assassinada
na tarde do dia 24 de outubro de 1941. A órfã seguia sua rotina de pegar água
em uma cacimba quando foi atingida com golpes de faca após recusar investidas amorosas
de Raul Alves, jovem de 13 anos de idade. O corpo foi encontrado no mesmo local
do crime, no Sítio Oiti, por sua família.A jovem passou a ser vista como santa por todos da região, sendo uma
inspiração para promessas e graças de religiosos.
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