sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Polícia Federal confirma acordo de delação premiada com piloto preso por morte de líderes de facção no Ceará

Já o Ministério Público do Ceará (MPCE) manteve a negativa de ter celebrado acordo com o preso

Helicóptero usado na operação que assassinou 'Gegê do Mangue' e 'Paca'

A Polícia Federal (PF) confirmou ter realizado um acordo de delação premiada com o piloto Felipe Ramos Morais, acusado de participar dos assassinatos dos líderes de uma facção criminosa, Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', no Ceará, em fevereiro de 2018. Os dois foram executados a tiros em uma aldeia indígena, em Aquiraz, na Grande Fortaleza. Dez pessoas foram acusadas pelo crime, das quais cinco foram presas. Já o Ministério Público do Ceará (MPCE) manteve a negativa de ter celebrado acordo com Felipe.
Em relação à PF, o acordo foi confirmado em ofício enviado pelo delegado federal Rafael Machado Caldeira ao juiz federal da 5ª Vara Criminal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no dia 24 de julho deste ano. O documento foi anexado ao processo do duplo homicídio somente no último dia 22 de outubro.
Segundo o ofício, o piloto prestou informações que auxiliam a PF em outras investigações pelo país, sem relação direta com as mortes de 'Gegê' e 'Paca'.

Operações - De acordo com o documento, "ficou claro que o réu colaborador possuía um vasto conhecimento a respeito de diversos crimes de competência da Justiça Federal, supostamente praticados por membros da facção criminosa".
E, por isso, as autoridades decidiram dividir o depoimento do piloto "em dois processos distintos de delação premiada, sendo um com o MPCE, relacionado exclusivamente aos fatos do duplo homicídio, e um segundo com a Polícia Federal, que abarcaria todos os demais fatos de conhecimento do réu".
As informações repassadas por Felipe já colaboraram com a PF na Operação Laços de Família, que investiga uma organização criminosa instalada na região da fronteira sul do Mato Grosso do Sul, que traz drogas do Paraguai e distribui pelo Brasil. Deflagrada em 2018, a Operação já apreendeu cerca de 30 toneladas de maconha, aeronaves veículos de luxo, armas de fogo e outros bens.
E também na Operação Rei do Crime, deflagrada no dia 30 de setembro deste ano para desarticular um braço financeiro de uma organização criminosa, em São Paulo. Foram bloqueados R$ 730 milhões em contas bancárias, interditadas 73 empresas e presos 13 suspeitos - inclusive o ex-proprietário do helicóptero utilizado para matar 'Gegê' e 'Paca'.

Negativa - Já o MPCE voltou a garantir que não firmou acordo de colaboração premiada com Felipe Morais. Em documento enviado no último dia 17 de outubro, sete promotores de Justiça dizem que as afirmações feitas pelo réu a esse respeito "são todas infundadas e sem provas, devendo de uma vez por todas serem extirpadas deste processo".
Felipe tentou suicídio na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no dia 18 de setembro deste ano, ao ingerir água sanitária dentro da cela, tendo que ser socorrido às pressas. O preso reivindicava que a Justiça homologasse o acordo de delação premiada com as autoridades cearenses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário