Moacir Pinto teria mandado destruir casas de colonos para
construir uma usina eólica
O empresário cearense Francisco Moacir Pinto Filho, do ramo de
cemitérios e energia eólica, dono do Cemitério Jardim Metropolitano, no
Eusébio, está preso em Brasília. Contra ele foi expedido um mandado de prisão
preventiva pela Justiça do Ceará. Ontem, policiais civis apreenderam cerca de
meio milhão de reais em moedas nacional e estrangeira no apartamento de luxo
dele, em um condomínio na Avenida Beira-Mar. Moacir deve ser transferido para o
Sistema Penitenciário cearense nas próximas horas.
A prisão de Moacir Pinto Filho foi solicitada à Justiça pela Polícia
Civil em um inquérito instaurado pela Delegacia de Beberibe, no Litoral Leste
do estado. De acordo com a apuração, o
empresário estaria destruindo ilegalmente casas de colonos e moradores da Praia
da Tabubinha, naquele Município, onde pretende construir uma usina de energia
eólica.
As perseguições, ameaças e agressões aos moradores daquela comunidade
estariam sendo feitas por um grupo de homens armados à serviço do empresário.
Casas de colonos já foram destruídas e outras somente não tiveram o mesmo
destino graças à reação da população. Relatos dos moradores revelam que durante
as madrugadas a quadrilha aparece no local com tratores para derrubar as
residências.
O caso se transformou em um escândalo em Beberibe e foi necessária a
intervenção policial, da Justiça, Ministério Público e da Defensoria Pública do
Estado. A delegada Ana Scotti, da Delegacia Municipal de Beberibe, instaurou
inquérito e encaminhou à Justiça o pedido de prisão do empresário.
O juiz da 1ª Vara da Comarca de Beberibe, Wilson de Alencar Aragão,
expediu também um mandado de busca e apreensão de um veículo modelo Pajero GLS
de placas KLY-4595 (CE), pertencente ao empresário. O automóvel teria sido
utilizado em um crime de homicídio qualificado do qual o empresário figura como
suspeito de ser o mandante.
Jatinhos e cemitérios - Francisco Moacir Pinto Filho é também
investigado por outros crimes. Teve seu nome citado na Comissão Parlamentar de
Inquérito, em Brasília, que ficou conhecida como a “CPI dos Cemitérios”,
instaurada no Distrito Federal em 2008. Na época, ele era o dono do Cemitério
Campo da Esperança. A CPI investigou a má conservação do cemitério e a
existência de um depósito clandestino de ossadas na Unidade do Gama e
desrespeito aos túmulos. Entretanto, alguns dias depois, distritais integrantes
da CPI decidiram por fim às investigações na Câmara Legislativa do Distrito
Federal.
Outro escândalo nacional em que o nome de Moacir Pinto Filho foi
envolvido tratou do financiamento concedido pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES) a vários empresários e até artistas da TV para a
compra de aviões, jatinhos fabricados pela fábrica Embraer. A lista completa de
envolvidos contém 134 nomes, que inclui celebridades, empresários renomados,
políticos e até bilionários desconhecidos da opinião pública, entre eles o
apresentador de TV Luciano Huck, os empresários Joesley e Wesley Batista, donos
do frigorífico JBS; e o governador de São Paulo, Jorge Dória.
Segundo as investigações, Francisco Moacir Pinto Filho negou ter
recebido financiamento do banco para a compra de duas aeronaves da
Embraer. As investigações continuam.
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