quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Empresário cearense é preso em Brasília acusado de vários crimes em Beberibe

Moacir Pinto teria mandado destruir casas de colonos para construir uma usina eólica

Casas de moradores da comunidade Tabubinha foram destruídas por ordem do empresário

O empresário cearense Francisco Moacir Pinto Filho, do ramo de cemitérios e energia eólica, dono do Cemitério Jardim Metropolitano, no Eusébio, está preso em Brasília. Contra ele foi expedido um mandado de prisão preventiva pela Justiça do Ceará. Ontem, policiais civis apreenderam cerca de meio milhão de reais em moedas nacional e estrangeira no apartamento de luxo dele, em um condomínio na Avenida Beira-Mar. Moacir deve ser transferido para o Sistema Penitenciário cearense nas próximas horas.
A prisão de Moacir Pinto Filho foi solicitada à Justiça pela Polícia Civil em um inquérito instaurado pela Delegacia de Beberibe, no Litoral Leste do estado.  De acordo com a apuração, o empresário estaria destruindo ilegalmente casas de colonos e moradores da Praia da Tabubinha, naquele Município, onde pretende construir uma usina de energia eólica.
As perseguições, ameaças e agressões aos moradores daquela comunidade estariam sendo feitas por um grupo de homens armados à serviço do empresário. Casas de colonos já foram destruídas e outras somente não tiveram o mesmo destino graças à reação da população. Relatos dos moradores revelam que durante as madrugadas a quadrilha aparece no local com tratores para derrubar as residências.
O caso se transformou em um escândalo em Beberibe e foi necessária a intervenção policial, da Justiça, Ministério Público e da Defensoria Pública do Estado. A delegada Ana Scotti, da Delegacia Municipal de Beberibe, instaurou inquérito e encaminhou à Justiça o pedido de prisão do empresário.
O juiz da 1ª Vara da Comarca de Beberibe, Wilson de Alencar Aragão, expediu também um mandado de busca e apreensão de um veículo modelo Pajero GLS de placas KLY-4595 (CE), pertencente ao empresário. O automóvel teria sido utilizado em um crime de homicídio qualificado do qual o empresário figura como suspeito de ser o mandante.

Jatinhos e cemitérios - Francisco Moacir Pinto Filho é também investigado por outros crimes. Teve seu nome citado na Comissão Parlamentar de Inquérito, em Brasília, que ficou conhecida como a “CPI dos Cemitérios”, instaurada no Distrito Federal em 2008. Na época, ele era o dono do Cemitério Campo da Esperança. A CPI investigou a má conservação do cemitério e a existência de um depósito clandestino de ossadas na Unidade do Gama e desrespeito aos túmulos. Entretanto, alguns dias depois, distritais integrantes da CPI decidiram por fim às investigações na Câmara Legislativa do Distrito Federal. 
Outro escândalo nacional em que o nome de Moacir Pinto Filho foi envolvido tratou do financiamento concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) a vários empresários e até artistas da TV para a compra de aviões, jatinhos fabricados pela fábrica Embraer. A lista completa de envolvidos contém 134 nomes, que inclui celebridades, empresários renomados, políticos e até bilionários desconhecidos da opinião pública, entre eles o apresentador de TV Luciano Huck, os empresários Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS; e o governador de São Paulo, Jorge Dória.
Segundo as investigações, Francisco Moacir Pinto Filho negou ter recebido financiamento do banco para a compra de duas aeronaves da Embraer.  As investigações continuam.

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