“A gente entrega tudo nas mãos de Deus”. A frase foi pronunciada e
repetida durante o enterro da menina Radhassa Barbosa, de apenas 4 anos, morta
a tiros durante o ataque de uma facção criminosa na Favela do Caroço, na Praia
do Futuro, na noite de 29 de setembro do ano passado. Em meio à turbulência da
criminalidade que deixou mais de quatro mil mortos no Ceará em 2020, 17
crianças acabaram assassinadas. A pequena Radhassa entrou na lista das vítimas
da criminalidade sem controle no estado.
À exemplo do caso da menina Radhassa, muitas famílias tiveram que
passar pela dor da perda de suas crianças para o crime, no Ceará, no ano
passado. Algumas foram mortas junto com os pais, como no caso da pequena
Jorgiane dos Santos Xavier, que tinha somente um ano e 11 meses de vida. Na
madrugada do dia 22 de fevereiro, sábado de Carnaval, a menina foi assassinada
a tiros junto com o pai, o agricultor Francisco Jorge Gomes Xavier, 39, na Vila
Cumbe, na zona rural do Município de Beberibe.
O bebê Enzo Gabriel Ferreira Ribeiro, de apenas 9 meses de vida, morreu
baleado nos braços da mãe, uma adolescente de 17 anos, Maria Garielly Ferreira
Ribeiro, que também foi assassinada. Mãe e filho foram executados dentro de
casa durante um ataque de bandidos de uma facção criminosa no bairro Quintino
Cunha, na zona Oeste de Fortaleza. O duplo homicídio aconteceu na noite de 10
de março.
Mais casos - Assim como aconteceu no bairro Quintino
Cunha, em Fortaleza, quando mãe e filho foram mortos, a história se repetiu
apenas cinco dias depois. Foi em 15 de março, quando o pequeno Yuri Kelson
Silva Ribeiro, que tinha apenas 5 anos de idade, foi assassinado junto com a
irmã, uma adolescente de 14 anos. O crime novamente foi praticado por bandidos
de uma facção e ocorreu numa comunidade conhecida como Cercadão, no Município
de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
O pequeno Júlio César Silva Moreira, 4 anos, estava brincando com
outras crianças na frente de casa, no bairro Aerolândia, em Fortaleza, na manhã
do dia 25 de março de 2020, quando bandidos de uma facção desembarcaram de um
carro prata e passaram a atirar em quem estivesse na rua. Um dos tiros atingiu
o menino, que morreu quando era socorrido.
A última criança morta no ano passado no Ceará foi o pequeno William da
Silva Rodrigues, 6 anos, que, na madrugada do dia 26 de novembro, dormia em uma
casa na zona rural do Município de Ibaretama, no Sertão Central, quando o local
foi invadido por bandidos armados e encapuzados.
O garoto e mais seis pessoas, entre elas, dois adolescentes, foram
fuzilados. Segundo a Polícia, o caso foi um “acerto de contas” entre membros de
facções rivais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário