A família de Reginaldo Rodrigues afirma que ele era
trabalhador - Já a Polícia Militar alega desobediência do homem e posse de uma
arma de fogo
Mais uma pessoa morreu em intervenção policial no Ceará. A família de
Reginaldo Dias de Souza Rodrigues, de 36 anos, afirma que ele era trabalhador e
não estava envolvido com a criminalidade. Já a Polícia Militar do Ceará (PMCE)
ressalta os antecedentes criminais e alega desobediência e posse de uma arma de
fogo. Suspeitos ou não, 772 pessoas foram mortas em intervenções policiais, no Estado,
nos últimos cinco anos.
Reginaldo Rodrigues, um homem negro e pobre, foi morto por uma equipe
do 18º Batalhão Policial Militar (18ºBPM), no bairro Bela Vista, na noite da
última quinta-feira (28). De acordo com nota da Polícia Militar, a região tem
"histórico da prática de tráfico ilícito de entorpecentes" e
Reginaldo, "com passagens por dois crimes de roubo", estava
"trafegando em uma motocicleta em atitude suspeita".
"Segundo os PMs que estavam na ocorrência, eles decidiram realizar
a abordagem ao indivíduo, que teria desobedecido à ordem de parada. Os
militares relataram que foi dado novo comando de parada e que a ordem foi
descumprida novamente e, em seguida, o suspeito teria sacado um revólver e
apontado para os policiais. Nesse momento, os policiais informaram que foi
efetuado disparo contra Reginaldo, que foi alvejado e veio a óbito na unidade
hospitalar para onde foi socorrido".
Versão da família é diferente - A versão da família de Reginaldo é
diferente. O polidor Marciano Pereira conta que o primo morto tinha surdez e
trabalhava como zelador de um shopping em Fortaleza. Segundo ele, os tiros
efetuados pela Polícia Militar atingiram as costas e o pescoço do familiar.
Marciano também critica a atuação da Polícia na região: "Toda
vida, a abordagem deles é desleal. Eles não sabem chegar 'pra parede', normal.
Ao contrário, já chegam batendo, esculhambando. Não sabem quem é cidadão. Só
porque a gente mora numa periferia dessas, não é que todo mundo é vagabundo,
marginal".
Ainda de acordo com a Polícia Militar, o caso é investigado pelo 10º DP
(Antônio Bezerra), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), para onde foi levado um
revólver calibre 38 apreendido com Reginaldo.
Já a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública
e Sistema Penitenciário (CGD) informou que determinou a instauração de
procedimento disciplinar para a apuração da ação policial na seara
administrativa.
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