Em outra localidade, “não temos água nem para beber e
cozinhar”, segundo a presidente da Associação dos Moradores do Assentamento
Mirassu

Em frente a uma caixa d'água/chafariz, famílias mostram baldes vazios, denunciando escassez. Projeto de abastecimento hídrico não foi concluído
Cresce a dificuldade por água em pelo menos duas localidades rurais de
Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. “Não temos água nem para beber e
cozinhar”. O relato da presidente da Associação dos Moradores do Assentamento
Mirassu, Maria José Cardoso, expõe o drama das famílias da localidade. “Pedimos
socorro aos gestores municipais”.
As chuvas no município foram boas, superior a mil milímetros entre
fevereiro e maio passado. Mas por que falta água para consumo próprio e
cozinhar os alimentos se as 18 famílias dispõem de cisternas de placas que
acumulam 16 mil litros e deveriam atender uma demanda de quatro moradores por
seis meses.
A resposta é simples. Sem outra fonte, as famílias utilizam o recurso
hídrico para todas as finalidades: beber, cozinhar, tomar banho, lavar roupas e
a casa. Consequência: seis dias após o fim da quadra chuvosa no Ceará, a falta
de água já afeta os moradores.
Quem também sofre com a falta d'água são as 38 famílias da Agrovila
Ingá, que fica distante apenas 800 metros da bacia do açude Trussu, o maior da
região e que acumula cerca de 81 milhões de metros cúbicos, no distrito de Suassurana,
zona rural de Iguatu.
No passado, uma rede de distribuição de água foi instalada para as
casas e um reservatório elevado foi construído. Mas o projeto nunca foi
concluído. “Podemos dizer que estamos com o pé na lama e não temos água em
casa”, lamentou o aposentado, José Sales.
O drama dos moradores do Assentamento Mirassu e da Agrovila Ingá, em
áreas distintas da zona rural de Iguatu “infelizmente é um problema que já
ocorre há décadas”, lamentou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Iguatu, Evanilson Saraiva. “Ações concretas precisam ser realizadas para diminuir
o sofrimento dessa gente”.
No Assentamento Mirassu, os moradores aguardam a perfuração de um poço
profundo, que é a solução apontada por eles para resolver a escassez de água.
“Quatro famílias já foram embora daqui porque não aguentaram o sofrimento da
falta de água”, lembrou a dona de casa Maria Cardoso.
O agricultor José Fernandes lembrou que no passado conseguia tirar água
do açude com ajuda de um jumento, mas “agora não dá mais porque não há como
chegar lá, formou-se uma grota com pedras e sem acesso”.
Após a construção do açude Trussu, na segunda metade da década de 1990,
moradores da bacia do reservatório que tiveram suas terras cobertas pela água,
foram removidos para projetos de agrovilas.
A agrovila Ingá é um desses assentamentos. Duas décadas e meia depois,
os projetos produtivos e de abastecimento de água para as famílias não foram
concluídos.
A vila está localizada cerca de mil metros da beira d’água de uma dos
maiores açudes do Ceará, mas falta projeto de captação, tratamento e
distribuição do recurso hídrico.
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