Justiça Estadual converteu a prisão em flagrante dos quatro
suspeitos em prisão preventiva
Dois policiais militares, um policial penal e um comparsa são suspeitos
de torturar, de subtrair bens e de exigir o pagamento de R$ 50 mil de um homem.
O grupo ainda teria extorquido uma mulher. A Justiça Estadual converteu a
prisão em flagrante dos quatro suspeitos em prisão preventiva, nesta
quinta-feira (17).
O cabo Ramon Martins Gomes e o
soldado Michael José Vaz Ramos, da Polícia Militar do Ceará (PMCE); o policial
penal Italo Emmanuel Cardoso Soares; e o "alma" (pessoa que se passa
por policial) Jovino Santos Neto
foram detidos na última terça-feira (15), no bairro Dunas, em Fortaleza, em uma
ação conjunta da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral
de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD);
da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS); e da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
De acordo com a decisão da 17ª Vara Criminal - Vara de Audiências de
Custódia - pela conversão da prisão, o homem vítima de extorsão (que responde a
três processos na Justiça por estelionato) procurou a Polícia, no dia 10 deste
mês, para denunciar que havia sido abordado por homens que se apresentavam como
policiais civis, que estariam na posse de um mandado de prisão, no último dia
31 de maio.
Os criminosos teriam, segundo o relato: exigido o pagamento de R$ 50
mil, dividido em duas parcelas, a serem pagas nos dias 15 de junho e 1º de
julho deste ano; obrigando a vítima a transferir R$ 1 mil que ela tinha na
conta bancária; subtraído um aparelho celular de última geração, um relógio, um
boné e uma aliança de ouro.
E ainda teriam torturado o homem com um fio de chuveiro elétrico, tapa,
saco de mercantil na cabeça e ameaça de usar arma de fogo.
Já a mulher denunciou à Polícia que ela e o marido foram obrigados a
pagar R$ 6 mil para não serem incriminados pelos policiais. "A gravidade
em concreto das condutas atribuídas aos imputados é elevada, diante da forma
como os crimes foram perpetrados, pois há indícios de que os autuados se
associaram para cometerem delitos de extorsões, os quais eram executados com
emprego de armas de fogo e em face de vítimas diversas", considerou a
juíza, completando que o número de vítimas do grupo criminoso pode "ser
ainda maior".
POLICIAIS SUSPEITOS TENTARAM
FUGIR - Os investigadores que
participaram da abordagem relataram em depoimento na Delegacia de Assuntos
Internos, que ao menos três equipes policiais estavam espalhadas, em volta de
uma concessionária de veículos onde aconteceria o crime de extorsão, quando o
automóvel suspeito, Toyota Corolla, parou próximo ao estabelecimento, e Jovino
Neto desceu.
Jovino - que é suspeito de envolvimento em crimes de pistolagem no Vale
do Jaguaribe - foi até o veículo da vítima. Neste momento, uma equipe de
policiais o abordou, enquanto outra equipe cercou o carro onde estavam os
outros três suspeitos. O trio tentou fugir, mas foi fechado por outra equipe e
também preso.
Com o grupo, foram apreendidos três pistolas calibre 380, carregadores
e munições de pistola, um veículo Toyota Corolla blindado, uma motocicleta, um
par de algemas, relógios, aparelhos celulares, mochilas, documentos e
anotações.
PMS PRESOS ALEGAM QUE FORAM
AGREDIDOS - Na audiência de
custódia, o cabo Ramon Gomes e o soldado Michael Ramos informaram à juíza que
sofreram maus tratos por parte dos policiais que realizaram a prisão. A 17ª
Vara Criminal determinou expedição de ofício à CGD para comunicar a denúncia,
para a adoção das medidas que o Órgão entender cabíveis.
Já Jovino Neto informou que está com sintomas de gripe e que teme estar
infectado com a Covid-19. Diante disso, a magistrada determinou que o preso
permaneça em cela separada dos demais; se tiver dificuldades respiratórias, que
seja levado ao hospital; e se for confirmada a doença, que o juiz que receba o
processo analise a possibilidade de substituir a prisão por medidas cautelares.
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