sábado, 12 de junho de 2021

SEGURANÇA - Cerca de 300 PMs foram denunciados pelo motim de 2020 no Ceará

Já foram 65 denúncias ofertadas pelo Ministério Público e mais acusações devem ser feitas - Movimento durou 13 dias e levou a crescimento de 547% no número de assassinatos

PMs pediam reajuste salarial e anistia dos integrantes do movimento

Cerca de 300 policiais militares foram denunciados criminalmente por participação no motim de fevereiro de 2020, conforme o Ministério Público Estadual (MPCE). São cerca de 65 denúncias já ofertadas, segundo o órgão ministerial. O MPCE ainda ressalta que há previsão de que mais PMs sejam denunciados pelo envolvimento na paralisação.
O motim teve início no fim da tarde de 18 de fevereiro de 2020, quando policiais mascarados tomaram o 18º Batalhão de PM, no bairro Antônio Bezerra. Os militares só voltariam ao serviço em 2 de março. Dentre as reivindicações do movimento, estava o reajuste salarial. Ao término da paralisação, o Governo do Estado se comprometeu, entre outros pontos, a investir R$ 495 milhões com o salário de policiais até 2022. O salário-base de um soldado da PM passará a ser R$ 4.500. Entretanto, o governo não concedeu anistia aos integrantes do movimento, outra reivindicação feita pelos manifestantes durante a paralisação.
Além de PMs que, efetivamente, participaram da paralisação, o MPCE também denunciou aqueles que não impediram a tomada de batalhões, viaturas, entre outros equipamentos. Até mesmo comandantes de batalhões foram denunciados pelo MPCE por não rechaçarem os paredistas.
Também foram denunciados militares que fizeram apologia pública ao movimento, como é o caso do soldado Felipe Lisboa da Costa. No dia 23 de fevereiro, ele interrompeu uma missa em Juazeiro do Norte (Cariri Cearense) para fazer um discurso em prol da paralisação. O discurso foi filmado e publicado nas redes sociais: "Me perdoem por estar atrapalhando esse ato sagrado. [...] Nós, policiais militares, estamos em greve. Não é porque nós queremos, é que foi a última, a última, a última, a última coisa que foi pra gente ser ouvida". A denúncia contra os agentes foi feita no último dia 2 de junho, mas ainda não foi recebida pela justiça.

Crimes investigados - Um dos saldos do movimento paredista foi o súbito crescimento do número de homicídios no Estado. O Estado teve 312 assassinatos entre 19 de fevereiro e 1º de março, um aumento de 547% com relação aos 57 crimes ocorridos no mesmo período de 2019.
Dentre os crimes ocorridos durante o motim que seguem sendo apurados, estão os disparos efetuados contra o senador Cid Gomes (PDT). Ele foi baleado no momento em que tentava avançar em uma retroescavadeira contra o portão do 3º Batalhão de PM, que estava tomado pelos amotinados. O inquérito da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), que apura o caso, segue em andamento. Em 15 de abril último, a Justiça havia dado mais 60 dias para a conclusão da investigação.

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