terça-feira, 20 de julho de 2021

Operação cumpre mandados no CE e PB contra policiais suspeitos de extorsão, tortura e venda de armas

Agentes de segurança usavam sistema de informações da polícia para selecionar traficantes com o objetivo de obter vantagens financeiras

Operação cumpre mandados no CE e PB contra policiais suspeitos de extorsão, tortura e venda de armas

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) cumpre nesta terça-feira (20), mandados contra policiais suspeitos dos crimes de extorsão, tortura, comércio ilegal de arma de fogo, corrupção ativa e organização criminosa. Os mandados são cumpridos no Ceará, nas cidades de Fortaleza, Aquiraz, Itaitinga e Pacatuba e na Paraíba, no município de Itabaiana.
Ao todo, são 12 mandados de busca e apreensão (todos os alvos), sete mandados de condução coercitiva (para os policiais), um mandado de prisão contra o policial militar apontado como líder do grupo, além de medidas cautelares de afastamento das funções de todos os outros seis policias.
Entre os alvos estão sete policiais militares da ativa, um policial civil da ativa e quatro integrantes que atuariam como informantes da organização criminosa.
O objetivo da ação, que faz parte da 4ª fase da Operação Gênesis, é desarticular uma organização criminosa formada e liderada, majoritariamente, por agentes públicos de segurança.

Sistema policial usado para selecionar vítimas - Conforme o Ministério Público, os agentes públicos tinham acesso ao sistema de informações da Polícia para selecionar as vítimas e planejar as ações.
A organização criminosa praticava crimes de extorsão e tortura contra traficantes com o objetivo de obter vantagens financeiras. Os alvos dos policiais eram escolhidos entre traficantes com alto poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela polícia, o que facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das vantagens almejadas pelo grupo.
Ainda segundo o MPCE, os informantes trabalhavam na procura e no levantamento de situações potencialmente lucrativas para o bando, que consistiam principalmente na seleção de vítimas com envolvimento em crimes e com alto poder aquisitivo.
Os informantes, então, levavam tais “informações” ao policial militar líder da organização, que passava a orientá-los sobre os detalhes que precisaria para a ação, tais como veículos usados, rotina e principais endereços das vítimas, ao tempo em que selecionava e convidava, a depender do caso, os demais comparsas para a execução.
Com a equipe formada, o alvo passava a ser monitorado em “operações de inteligência policial” e de pesquisas nos sistemas policiais. As pessoas eram abordadas e levadas para sua residência ou para local mais isolado, onde, por vezes, eram torturadas para que apontasse o esconderijo de drogas ou de dinheiro.
Assim, elas contraíam uma espécie de “dívida” com os policiais para que não fossem presas, desde que pagassem um determinado valor em dinheiro, que era dividido entre os participantes.
Segundo as investigações, o policial militar apontado como líder do grupo costumava apresentar atestados médicos para ser dispensado do serviço e, assim, ficar mais livre para o cometimento dos crimes.

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