Órgão ainda apura a conduta de mais de 300 militares suspeitos de terem participado do movimento paredista ilegal ocorrido no ano passado
Mais um policial
militar do Ceará foi expulso da corporação, nesta quarta-feira, 13, por
participar do motim de 2020. A punição, que consta em portaria publicada no
Diário Oficial do Estado, foi aplicada ao soldado Adriano Cavalcante Gomes, que respondia a Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), no âmbito da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de
Segurança Pública (CGD), desde 21 de fevereiro do ano passado. Com ele, subiu
para quatro o número de militares demitidos por envolvimento no ato paredista
ilegal.
De acordo com o
relatório da comissão processante, Adriano Cavalcante violou deveres e
princípios básicos da profissão, incorrendo em prática de transgressão
disciplinar. O documento cita que o soldado participou de uma reunião com
outros militares, no dia 18 de fevereiro, nas imediações da Assembleia
Legislativa, para articular estratégias relativas à iminente paralisação, que
veio a ser deflagrada oficialmente no dia seguinte. “Imagens contidas em vídeo
corroboram a participação do acusado no movimento reivindicatório. [...] De
maneira incontroversa, o acusado descumpriu diretamente as determinações do
Comando Geral da PMCE [...]”, destaca trecho da portaria.
Em depoimento, o militar confirmou que ele é realmente a pessoa filmada na
gravação apensada ao processo, mas negou que tenha articulado a deflagração do
movimento paredista. O PM alega que sua ida ao local se deu por coincidência,
pois no momento em que ocorria a reunião, ele aguardava um ônibus para se
dirigir a uma faculdade privada onde cursava direito. Justificou que, ao
avistar os colegas de farda, resolveu conversar rapidamente com eles enquanto
esperava a chegada do coletivo.
Os argumentos, no
entanto, não foram aceitos pela CGD. Ao rebater as alegações, o órgão sustenta
que as justificativas apresentadas pelo PM tem o objetivo de “descaracterizar
as provas nos autos que comprovam que o acusado voluntariamente se integrou ao
ilegal coletivo de militares estaduais que naquele dia realizavam
reivindicações, desafiando princípios basilares da hierarquia e disciplina e
descumprindo diretamente as determinações do Comando Geral da PMCE”. O
documento ainda afirma que o soldado teve comportamento incompatível com a
função, demonstrando desprezo, desrespeito, indisciplina e insubordinação à
administração militar.
Antes de Adriano Cavalcante, outros três militares já haviam sido punidos com
demissão por participação no motim policial de 2020. O primeiro a ser expulso
foi o soldado Raylan Kadio Augusto de Oliveira, em junho último. Ele foi
apontado como um dos invasores do 18º BPM, no dia 19 de fevereiro de 2020. No
mês seguinte, a mesma punição foi aplicada ao bombeiro Magno Maciel da Silva,
que por ter participado ativamente do movimento ilegal, foi declarado
"incapacitado de permanecer na situação ativa” da corporação. A mais
recente expulsão aconteceu em setembro. O alvo foi o soldado Antônio Soares
Lima Filho, que respondia a Processo Administrativo desde 10 de março do ano
passado.
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