JOVEM FICOU GRAVEMENTE FERIDO
Uma câmera de
monitoramento flagrou o momento em que um morador de rua foi atropelado por uma
viatura da Polícia Militar de Goiás (PMGO) na Praça do Sol, capital goiana,
pouco antes de ser baleado por militares.
Três PMs dispararam oito vezes contra Divair Nunes da Cruz, de 28 anos, na
noite de 10 de dezembro. Os policiais alegam que ele teria quebrado o farol de
uma viatura e tentado matar os militares com uma faca. Ele ficou gravemente
ferido e mais de um mês internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
No entanto, um vídeo juntado ao processo revela que Divair foi atropelado por
uma viatura, minutos antes de ser baleado. A Defensoria Pública e o Ministério
Público de Goiás (MPGO) apontam contradições na versão da polícia, mas mesmo
assim, a Polícia Civil chegou a indiciar Divair por tentativa de homicídio,
enquanto ele estava entre a vida e a morte no hospital.
Agora, o caso passa por uma reviravolta. O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO)
determinou no dia 19 de janeiro que o inquérito volte a ser aberto e que a
Polícia Civil faça uma investigação mais aprofundada.
Inconsistência - Para se ter ideia, o
vídeo que mostra o atropelamento não foi encontrado pela Polícia Civil. O
relatório final da delegacia diz que não foram achadas imagens das câmeras de
monitoramento que “mostrassem realidade diversa da já narrada”.
Mesmo hospitalizado, Divair estava na ala do hospital destinado para
detentos, já que ele teve a prisão em flagrante convertida para preventiva em
audiência de custódia. Audiência essa que aconteceu sem a presença dele, já que
estava internado em estado grave.
No último dia 19, após pedidos da Defensoria e do Ministério Público, o
Judiciário determinou a revogação dessa prisão, afirmando que a versão da
polícia tinha “inconsistências”.
Versão duvidosa - Sete dias após o
morador de rua ter sido atropelado e baleado, a Defensoria Pública entrou com
um pedido para que ele fosse solto. O órgão levanta questionamentos sobre a
versão da polícia que considera “no mínimo duvidosa”.
Divair vivia na Praça do Sol com uma mala e era conhecido por moradores por
ser uma pessoa pacífica. Vizinhos da região até usaram as redes sociais para
manifestar indignação com a ação da polícia.
Segundo a Defensoria, ele já havia sido abordado 12 vezes pela PM desde
2018 e em nenhum desses casos foi praticado algum crime ou encontrado algo com
ele. O jovem não tinha antecedentes criminais. Além disso, imagens de câmeras
da região não mostravam o suposto ataque dele contra os militares.
O parecer da Defensoria
ainda questionou as lesões que os policiais dizem ter sofrido. A faca que teria
sido usada pelo morador estava com muito sangue. Já os militares apresentaram
um arranhão no braço e um corte na calça, que não atingiu a perna.
Perseguido - O Ministério Público
acompanhou o argumento da Defensoria, afirmando que imagens de câmeras de segurança
demonstram que o morador de rua não tentou danificar a viatura, mas sim “foi
perseguido por uma viatura policial que, inclusive, jogou o veículo contra o
corpo de Divair”.
Além disso, o MPGO disse ter identificado quatro viaturas policiais no
local do crime, totalizando pelo menos oito militares. A versão da polícia era
de três viaturas. Para o Ministério Público, isso é um sinal de que a conduta
dos policiais foi excessiva ao dar oito tiros em Divair, para impedir as
supostas agressões dele.
VEJA O VÍDEO DO ATROPELAMENTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário