Festas com aglomerações podem repetir efeito de eventos de fim
de ano e puxar a curva de casos para cima de novo
O Ceará chega ao
segundo ano seguido sem Carnaval, folia adiada pela urgência de conter a
pandemia de Covid. Mesmo com festas públicas proibidas por decreto estadual,
possíveis aglomerações privadas são ameaças ao recuo do coronavírus, segundo
especialistas.
Após uma 3ª onda rápida, mas intensa, causada principalmente pela variante
Ômicron, o Estado tem uma queda sustentada de infecções pela doença, ao passo
que avança na vacinação de grupos mais vulneráveis, como as crianças.
Mas a “conquista de um fevereiro mais tranquilo do que o janeiro de calamidade”
pode ser prejudicada pelo cenário de “relaxamento” da população, a partir do
próximo fim de semana, como pondera o infectologista Keny Colares.
“Em janeiro, tivemos a maior onda de casos desde o começo da pandemia. Um dos
fatores, além da nova variante, foi que as pessoas foram relaxando o
comportamento, no fim do ano. Teve Natal, ano novo, festas, e isso fez com que
a gente ficasse vulnerável”.
Na semana logo após o Natal, o número de casos de Covid no Ceará quase
quadruplicou, saltando de 2.788, entre 19 e 25 de dezembro, para 9.517 entre 26
de dezembro e 1º de janeiro de 2022.
O pior incremento, porém, veio após as festas de réveillon: na primeira semana
de 2022, o Estado contabilizou 34.441 novos infectados pelo coronavírus, número
que saltou para 69.703 na semana seguinte, entre 9 e 15 de janeiro.
“Em janeiro, as pessoas voltaram a se cuidar, então nem todo mundo se infectou.
A grande preocupação agora é que as pessoas se descuidem de novo, liberem o
comportamento, criem situação para que o vírus se prolifere”.
Devemos lutar pela meta de não ter mais casos nem óbitos. Olhamos pro Carnaval
como uma ameaça a essa conquista de um fevereiro mais tranquilo, algo que possa
pôr em risco esses resultados.
A epidemiologista Daniele Queiroz destaca que o fato de o Estado ter acabado de
passar por uma grande onda de casos, atrelado ao avanço das coberturas
vacinais, conferiu à população “uma boa proteção de rebanho" – mas isso
não isenta os riscos.
“A ampla movimentação de pessoas em contato sem as devidas precauções e a
existência de outras variantes que ainda não circularam de forma importante no
Ceará podem ser um risco de repiques”.
Fiscalização de festas - O governador Camilo
Santana já havia frisado que haverá um trabalho conjunto do Governo do Estado
com o Ministério Público do Ceará (MPCE) e os órgãos de segurança para coibir
festejos e fazer cumprir as restrições decretadas.
O gestor reforçou que “esse não é momento para estarmos fazendo festa, e
sim de superarmos a 3ª onda, vacinar a população”.
No último dia 14, Camilo decretou que o Ceará não terá ponto facultativo
durante o Carnaval, e recomendou, ainda, que instituições de ensino, comércio,
serviços e indústria funcionem normalmente.
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