Matheus Silva Cruz tinha 19 anos e trabalhava como tosador e
entregador no pet shop do pai - Segundo o pai, ele estava algemado quanto foi
morto a tiros
O pai do jovem Matheus
Silva Cruz assassinado dentro de uma delegacia da Polícia Civil, no interior do
Ceará, por um policial militar de folga, na madrugada deste último domingo (6),
disse que o seu filho era o seu maior amor e uma ''tela preciosa''. O PM foi
preso e indiciado por homicídio qualificado.
Matheus, 19 anos, foi morto dentro da Delegacia de Polícia Civil de Camocim,
após uma discussão com o policial George Tarick de Vasconcelos Ferreira, de 33
anos. O pai do jovem disse que ele estava algemado, machucado após ter sido agredido
em uma boate da região.
Segundo nota da Secretaria da Segurança, o PM discutiu com o rapaz, e os dois
foram levados para delegacia. Enquanto aguardavam os procedimentos na
delegacia, o PM atirou contra ele e o matou.
O militar disse em depoimento ter atirado contra o jovem "em um momento de
fúria, levado por violenta emoção".
"Essa pessoa que matou o Matheus já se encontra presa e, por mim, passa o
resto da vida dele preso lá. Não justifica ele ter matado o meu filho, meu
filho era o meu amor, minha tela preciosa, eu amava muito o meu filho, não
precisava ele ter matado o meu filho", disse o comerciante Eglício de
Souza Cruz.
Mateus trabalhava no pet shop do pai, na cidade de Camocim, como tosador e
entregador. Segundo a família, o jovem não tinha antecedentes criminais.
"Estamos arrasados, e a gente quer justiça com esse policial e também com
os outros que estavam juntos com ele [o suspeito], não só esse que matou ele,
mas outros que bateram nele também", afirmou o pai.
Pai soube da morte por amigo - O jovem e o policial tiveram uma discussão em uma festa que ocorria na
Praia de Camocim. O pai disse que, por volta de 2h, recebeu uma ligação da
namorada de Matheus, informando que ele estava sendo espancado por PMs na orla
da cidade. O homem encontrou o filho detido no carro de polícia ensanguentado e
vomitando.
O comerciante contou que os policiais que atenderam a ocorrência disseram
que iriam levar Mateus para o hospital e, em seguida, para a delegacia. Ele se
encaminhou à unidade hospitalar, mas a polícia não foi ao local. Então, ele foi
à delegacia quando se deparou com uma grande quantidade de pessoas do lado de
fora.
"Quando chego lá, já tá cheio de policial e não deixaram eu entrar. Aí
eu perguntei o que foi que aconteceu, todo mundo ficou calado e não falou nada.
O Matheus foi preso com outro colega dele, o Isac. O pai do Isac chegou e falou
pra mim 'mataram o teu filho aí'. Eu fiquei perguntando pros policiais o que
tinha acontecido e eles não falaram nada".
O relato do amigo de Eglício se confirmou. "A gente tá muito triste
com um ato cruel, eles carregaram 15 munições no meu filho, dentro da Civil,
algemado. E a gente tá muito triste, o meu filho, eu amava ele, era o meu filho
do coração. A gente morava junto, só tinha 19 anos de idade, tiraram ele,
arrancaram um pedaço de mim".
PM foi indiciado - O PM foi preso, autuado
em flagrante por homicídio e teve a arma apreendida, segundo a Secretaria da
Segurança. Neste domingo (6), ele foi indiciado por homicídio qualificado e
está à disposição da Justiça.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário (CGD) disse que determinou a instauração de processo
disciplinar para apuração do caso na seara administrativa, estando, atualmente,
em trâmite.
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