O crime ocorreu durante uma abordagem policial desastrosa há
3 anos e 9 meses
A Justiça Estadual
segue sem conseguir intimar, há 2 anos e 6 meses, o ex-policial militar Francisco Rafael Soares Sales, para
responder à denúncia pelo assassinato da universitária Giselle Távora Araújo. O crime ocorreu durante uma abordagem
policial desastrosa, na Avenida Oliveira Paiva, em Fortaleza, há 3 anos e 9 meses.
A tentativa mais recente do Poder Judiciário ocorreu no último dia 4 de março.
Após decisão da 2ª Vara do Júri de Fortaleza, uma oficiala de Justiça levou o
Mandado de Citação até a 1ª Companhia do 19º Batalhão de Polícia Militar (1ª
Cia do 19º BPM), no bairro Tancredo Neves, na Capital, onde foi informada por
outro militar que Francisco Rafael foi excluído dos quadros da Corporação.
A 2ª Vara do Júri acatou, no dia 10 de fevereiro deste ano, pedido do
Ministério Público do Ceará (MPCE) para que novo mandado de citação fosse
cumprido no Quartel da Polícia Militar. Com essa tentativa frustrada, o réu
deve ser citado por edital, para o processo andar - como pediu o promotor de
Justiça e aceitou o juiz.
Em setembro de 2019, a Justiça tentou intimar o réu pela primeira vez, ao
cumprir mandados na 1ª e na 2ª Companhias do 19º BPM. O oficial foi informado
pelos policiais que Rafael estava de licença médica há mais de seis meses, sem
previsão de retorno.
Uma nova tentativa aconteceu em maio de 2021, quando um oficial foi ao endereço
onde o réu morava, no bairro Montese, em Fortaleza, mas encontrou somente a mãe
do mesmo. A mulher se comprometeu de repassar a informação ao filho, mas ele
nunca se manifestou nos autos sobre a denúncia do Ministério Público do Ceará.
Em setembro e em outubro do ano passado, mais duas tentativas, nos bairros Bom
Futuro e Montese. Em ambas, o oficial de Justiça encontrou outro morador, que
disse alugar o imóvel de uma corretora e de uma mulher que estaria em Belo
Horizonte, Minas Gerais - mas não foi localizada - respectivamente.
Francisco Rafael Soares Sales foi expulso da Polícia Militar do Ceará (PMCE) em
novembro de 2019, segundo informações da Controladoria Geral de Disciplina dos
Órgãos de Segurança Pública (CGD). Ele recorreu da decisão e, em novembro de
2020, o Conselho do Órgão ratificou a expulsão.
O ex-policial militar era representado no processo criminal pelo Conselho de
Defesa do Policial no Exercício da Função (CDPEF), ligado à Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mas deixou de ser defendido pelo
Órgão quando entregou a farda.
Universitária estava ao lado da filha quando foi baleada - Giselle Távora Araújo transitava em um veículo Hiunday HB20, junto da
filha, na Avenida Oliveira Paiva, por volta das 20h do dia 11 de junho de 2018.
Ao se aproximarem de um semáforo, a filha percebeu a aproximação de uma
motocicleta e ouviu um disparo de arma de fogo.
Naquele momento, ambas pensavam que se tratava de um assalto e decidiram
não parar o veículo. Em depoimento, a filha da vítima contou que, instantes
depois, olhou para sua mãe e percebeu que ela tinha sido baleada. Foi então que
ela ouviu gritos de fora do carro e a ordem para descer do veículo, sem saber
se eram de criminosos ou de policiais.
Quando a jovem desceu, o policial se aproximou e viu Giselle sangrando. Foi
então que, conforme depoimento da filha da vítima, ele questionou por que elas
não obedeceram a ordem de parada da Polícia Militar. Na versão de Francisco
Rafael, ele atirou em direção ao pneu do veículo.
A universitária chegou a ser socorrida pelos militares ao Instituto Doutor
José Frota (IJF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte, aos
42 anos. Seus órgãos foram doados, por decisão da família.
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