A vítima estava na garupa de uma motocicleta, carregando uma
bandeja de ovos, quando foi atingida pelos tiros
Um policial foi
denunciado sob suspeita de ter assassinado um jovem de 17 anos, durante uma
festa de carnaval de Fortaleza em 2021. A denúncia foi oferecida pelo
Ministério Público do Ceará (MPCE) nesta sexta-feira (22). A vítima estava na
garupa de uma motocicleta, carregando uma bandeja de ovos, quando foi atingida
pelos tiros.
O crime aconteceu no dia 14 de fevereiro de 2021. A vítima participava de uma
“festa do ovo”. Segundo consta dos autos, o policial, assumindo o risco de
causar a morte da vítima, efetuou disparo contra o adolescente.
O Ministério Público requereu o recebimento da denúncia e que o denunciado seja
citado para apresentar a sua resposta à acusação. O caso deve ser levado ao
tribunal do júri. A condenação pode vir por homicídio por motivo fútil e que
dificulta a defesa da vítima, além de crime doloso, quando o acusado assumiu o
risco de cometer o crime.
Versão das testemunhas - De acordo com
testemunhas, a vítima e um amigo estavam participando da brincadeira, em um
evento realizado pelos moradores da comunidade em comemoração ao Carnaval.
Desde o dia anterior ao fato, eles forneciam os ovos para alguns moradores
jogarem uns nos outros.
Eles estavam trafegando em uma motocicleta quando avistaram um carro da
polícia e resolveram desviar, pois estavam com uma motocicleta de terceiro, sem
capacetes e a devida documentação. Portanto, eles tiveram receio de que a
motocicleta fosse apreendida.
A equipe policial passou a perseguir a motocicleta, momento também que o
policial efetuou disparos, sem ter realizado voz de parada ou acionado a
sirene, conforme o MPCE. O réu atirou diversas vezes até atingir a vítima, que
estava na garupa com bandejas de ovos nas mãos.
O jovem sofreu escoriações no lado esquerdo da cabeça, ombro esquerdo e
antebraço esquerdo, tendo sido atingido por um projétil de arma de fogo na
região dorso-lombar esquerda, à distância, que lhe causou a morte por lesão do
rim esquerdo e coração, conforme o laudo cadavérico.
Versão dos policiais - Em depoimento, os
policiais militares afirmaram que estavam no veículo, quando decidiram abordar
a dupla na motocicleta, que supostamente trafegava em alta velocidade, tendo
eles desobedecido a ordem de parada e, após 800 metros de perseguição, o
garupeiro teria apontado arma de fogo (uma garrucha calibre 28) para a viatura
policial, fazendo com que o policial militar reagisse e disparasse contra o
suposto agressor.
Logo em seguida, os
policiais determinaram que os ocupantes da motocicleta desembarcassem. Porém, a
vítima teria dito que não conseguia e caiu ao solo, de acordo com o MPCE. O
adolescente foi levado pela polícia a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA),
mas não sobreviveu.
Contudo, o MPCE diz que a versão dos policiais militares não correspondia com a
realidade dos fatos apurados durante a investigação.
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