Suspeitos de ordenar assassinatos no Jangurussu e no Pirambu
estão entre os criminosos cearenses que estariam no Rio
Foragidos da Justiça
Cearense têm encontrado em comunidades do Rio de Janeiro refúgio para escapar
da Polícia do Ceará. Apesar de algumas prisões e mesmo mortes registradas nos
últimos anos, informes da Polícia Civil mostram que suspeitos de crimes de
grande repercussão no Estado seguem buscando comunidades cariocas dominadas por
facções criminosas aliadas para se esconder.
São os casos de três lideranças da facção Guardiões do Estado (GDE) que foram
até o Rio de Janeiro efetivar uma aliança com a facção Terceiro Comando Puro
(TCP). A tentativa de aliança gerou um racha na GDE, que levou a vários
homicídios, incluindo a chacina que deixou quatro mortos na comunidade do Lagamar
em 18 de fevereiro último.
Uma das vítimas da chacina, Yuri da
Silva Souza, o “Testa”, de 21 anos, havia voltado recentemente do Rio de
Janeiro. Lá, ele teria se encontrado com Felipe
Bruno Nunes Pereira, o "Boladão", um dos arquitetos do racha na
GDE, ao lado de Ismário Wanderson
Fernandes da Silva, o "Bacurau" ou "Argentino"; e Aílton
Maciel Lima, o "Véi".
Do Rio, o trio teria ordenado o assassinato de Josenildo Marques Palhano, o
“Sal”, apontado como chefe do tráfico de drogas no bairro Jangurussu.
"Foram usadas 4 (quatro) pistolas novas, na caixa, vindas do Rio de
Janeiro, para a morte de SAL”, afirmou uma testemunha no inquérito que
investiga a morte de Josenildo. Conforme uma denúncia anônima Boladão se
refugia no Complexo da Maré.
Rivais do Comando Vermelho (CV) também estariam se utilizando da estratégia.
São os casos de Carlos Mateus da Silva Alencar, conhecido como “Skidum” ou
“Fiel”; e Fábio Almeida Maia, o “Biú”, apontados como chefes do CV no bairro
Pirambu. Dentre os crimes pelos quais foram acusados, estão o assassinato do
comunicador Givanildo Oliveira da Silva, do portal Pirambu News. Eles também
são acusados por dois duplos homicídios ocorridos neste ano: um em 6 de fevereiro
e outro em 4 de março.
Conforme investigações da Polícia Civil, os crimes foram ordenados do Rio de
Janeiro pela dupla. No inquérito que investiga a morte de Givanildo, uma
testemunha afirmou que Carlos Mateus e Fábio se escondem no Morro do Salgueiro.
Skidum, inclusive, chegou a gravar lives do Rio de Janeiro ostentando fuzis
através de uma conta no Instagram. Por informações que levem a Carlos Mateus, a
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) paga R$ 7 mil.
Foragidos cearenses já foram mortos em operações no Rio - Outros foragidos da Justiça Cearense já haviam sido identificados no Rio
de Janeiro. Há casos de prisões, mas também houve casos em que os foragidos
cearenses foram mortos pelas forças policiais fluminenses.
O primeiro caso registrado nos últimos anos data de 31 de julho de 2020.
Alban Darlan Batista Guerra, de 25 anos, foi morto em intervenção policial no
bairro carioca da Pavuna, após troca de informações entre as polícias civis do
Ceará e do Rio de Janeiro.
O fluxo de criminosos do Estado para o Rio teria aumentado quando uma
importante figura do tráfico cearense se envolveu em disputas em territórios
fluminenses. Max Miliano Machado da Silva, apontado como chefe maior do CV no
Ceará, liderava um bando que visava dominar o Complexo das Almas, em São
Gonçalo (RJ). O grupo era conhecido como “Tropa do Lampião”. “Nesse contexto,
vários subordinados cearenses rumaram para o Estado do Rio de Janeiro e iniciaram
uma intensa disputa”. Max Miliano foi preso em fevereiro de 2010 no Pará.
Entre os criminosos que teriam aderido à Tropa do Lampião, estão José
Erasmo de Sousa Filho e Carlos Menezes Bezerra, mortos em uma operação policial
no Complexo do Salgueiro em abril de 2021. Dias depois, viria a óbito em
operação policial Lemoel da Silva Santos, o "Panda", no bairro
Itaúna, também em São Gonçalo. Lemoel era apontado pela Polícia Civil cearense
como chefe do CV no bairro Padre Andrade e já havia sido preso por ameaçar o
então secretário da Segurança Pública André Costa.
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