quarta-feira, 18 de maio de 2022

Professor é afastado da direção da Rádio Universitária e denuncia projeto de censura

Conforme Nonato Lima, docente do Curso de Jornalismo da UFC, as alterações foram impostas em relação a programas jornalísticos e à grade musical da emissora - Nesse caso, estariam vetadas músicas ligadas a africanidades

O professor foi acolhido por alunos, docentes e radialistas após o afastamento

O professor Nonato Lima, docente do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi afastado da diretoria da Rádio Universitária após 15 anos no cargo, desde 2007. Ele alega que foi retirado da função porque não concordou com "medidas de censura", que, segundo ele, estavam sendo impostas à programação da emissora por Francisco Paulo Brandão Aragão, presidente da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), vinculada à gestão da Rádio.
Mudanças na estrutura do programa de debates da emissora e a interrupção da veiculação de músicas ligadas a africanidades estavam entre as mudanças exigidas, conforme o professor. “Eu não só discordei como não implementei as medidas. A Constituição Brasileira assegura tanto a liberdade de exercício profissional como a liberdade de expressão”.
Na tarde da última segunda-feira, 16, Nonato se encontrou com o reitor da UFC, Cândido Albuquerque, quando assinou os papéis do afastamento. Conforme o professor, o chefe da administração superior da UFC disse que não sabia da proposta de censura e defendeu que a decisão da mudança aconteceu por motivos republicanos. “Substituir gestores em cargos públicos é uma coisa normal. O que não é normal é substituir tendo como fundamento um projeto de censura”, argumenta Nonato.
Quando saiu da conversa com o reitor, Nonato foi recebido na Reitoria por inúmeros estudantes, professores, servidores e radialistas. Ele defendeu a liberdade da emissora. “Se durante a ditadura eu não me curvei (à censura), eu não vou me curvar agora”.
Apresentador do programa “Rádio Livre”, que vai ao ar de segunda à sexta-feira às 7h30min, Nonato teme pelo futuro da programação, um dos alvos das críticas direcionadas pelo presidente da Fundação. Ele disse que enfrenta a sensação de que a qualquer momento o trabalho a frente da atração será inviabilizado. “Eu não pretendo fazer um programa censurado. Ou ele é livre, ou não existe”.
Ele anunciou que continuará seu programa pelo Spotify e se comunicará com os ouvintes pelas redes sociais.

EM TEMPO – Nonato Lima é de Iguatu e trabalhou na antiga Rádio Iracema, hoje Rádio Liberdade

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