A gente vê a insatisfação dos servidores sem salários desde o mês de setembro - Estão vendendo até os utensílios de casa para comer
Denúncias de servidores do Hospital Regional de Iguatu, apontam que os funcionários da unidade estão há mais de dois meses
aguardando o pagamento pelo trabalho prestado. Os denunciantes, que pediram
para que a identidade não fosse revelada, relatam as dificuldades enfrentadas
pelo atraso. “Você nem imagina como fica o psicológico desses funcionários,
trabalhando dia e noite. Presenciando todas aquelas cenas exploráveis de
pacientes e enfermos, ter que cuidar bem e com um salário que recebe de quatro
em quatro meses”, afirma uma das fontes.
A Rede ANC entrou em contato com a subsede do Sindsaúde em Iguatu, que informou
ter recebido denúncias sobre o atraso na última semana. “A gente vê a
insatisfação dos servidores sem salários desde o mês de setembro. Estão
vendendo até os utensílios de casa para comer”, diz a diretora regional da
subsede em Iguatu, Josefa Sobreira.
Atualmente, os funcionários que trabalham na unidade são profissionalmente
vinculados ao Centro de Operações de Atendimento Pré-Hospitalar (Coaph). A
empresa venceu um Pregão Eletrônico em 2017. Para os representantes da classe,
a contratação foi uma tentativa da Prefeitura em ofertar o atendimento sem
garantir os mesmos direitos trabalhistas aos contratados.
Os profissionais ligados ao Coaph atuam como sócios cooperados, não possuindo
regras trabalhistas do CLT, mas com acesso a descanso semanal remunerado,
pagamento de INSS e de seguro de vida. No entanto, Josefa Sobreira afirma que
essa relação não ocorre da forma prevista. “Eles são vistos como sócio
cooperados, mas são empregados mesmo, trabalhando de forma análoga à
escravidão. Não têm direito a ficar doente. Se ficar, tem que pagar alguém para
ficar no lugar”, diz a diretora regional da subsede do município.
Por conta da condição de profissionais cooperados, os servidores não podem
realizar a filiação ao Sindicato. Desta forma, o Sindsaúde afirma estar
reportando a situação ao Ministério Público do Ceará (MPCE). Atualmente, os
profissionais aguardam uma ação judicial decidir sobre a legalidade da
contratação da empresa.
Iguatu vivencia uma crise política,
ocasionada pela cassação do mandato do prefeito Ednaldo Lavor (PSD), por abuso
de poder político. A Rede ANC entrou em contato com a Prefeitura de Iguatu, que
não enviou nenhum posicionamento até a publicação desta matéria. A Rede também
entrou em contato com a Coaph, que não se pronunciou sobre o assunto.
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