Ministério Público havia arquivado a investigação por entender que os policiais haviam atirado em legítima defesa, mas decidiu, no começo do mês, reabrir o caso após a corregedoria identificar, com base nas imagens captadas pelas câmeras operacionais dos agentes, ilegalidades nas ações
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) decidiu reabrir uma
investigação e denunciar quatro policiais militares de Guarujá, no litoral de
São Paulo, por executar um bandido desarmado, tentar matar um comparsa dele,
fazer uso indevido das câmeras operacionais para tentar evitar a produção de
provas, a fim de simular uma legítima defesa.
Essa é uma reviravolta no caso. Em
25 de junho deste ano, o MPSP havia arquivado o processo por considerar que os
PMs agiram em legítima defesa, após atenderem uma ocorrência de roubo a uma
casa em Bertioga, no litoral de São Paulo, em 15 de junho, que terminou em
perseguição e morte em Guarujá. Dos três
bandidos, apenas um não saiu ferido. Dos comparsas, um foi executado e o outro
baleado, sem oferecer resistência.
O curso da história mudou quando a Corregedoria da Polícia Militar resolveu
investigar a ação dos policiais, e encontrou uma série de ilegalidades
cometidas pelos agentes, com auxílio das imagens registradas pelas câmeras operacionais
que carregam no corpo.
Quando inocentou os policiais, o MPSP não tinha tido acesso às imagens das
câmeras, que ao serem analisadas, revelaram, segundo a Corregedoria e nova
denúncia do Ministério Público, a execução de Kaique de Souza Passos, que faria
25 anos no último domingo (11). Ele foi
morto com sete tiros, mesmo após ter aparecido nas imagens com os braços
erguidos, em sinal de rendição.
Ainda de acordo com a corregedoria, os policiais, no momento dos disparos,
obstruíram as lentes das câmeras e simularam uma eventual agressão de Kaique,
que sequer estava armado. Ao final, segundo a acusação, um simulacro [arma de
brinquedo] teria sido colocado em posse do bandido.
Antes da morte de Kaique, os PMs haviam rendido um dos bandidos, de 33 anos, em
uma passarela - este foi preso sem ferimentos.
Entretanto, um outro envolvido no assalto à casa em Bertioga, de 19 anos, que
havia sido atingido por um disparo durante a perseguição, e abordado sem
oferecer resistência, foi baleado novamente por um dos PMs no peito.
A situação, conforme o MPSP, é investigada como tentativa de homicídio. Durante
a ação, para evitar registrar o disparo, um dos policiais presentes na
abordagem correu em direção oposta aos fatos.
Envolvidos na morte de um
policial - Dois dos PMs
envolvidos na execução e tentativa de homicídio acima estavam presentes em uma
discussão com o policial civil, Eduardo Antonio Brazzolin, de 65 anos, que foi
morto em frente à Delegacia Sede de Guarujá, no litoral de São Paulo, na
madrugada de 28 de fevereiro deste ano.
Na ocasião, Brazzolin havia ido à delegacia com um dos filhos para interceder
na prisão de um amigo do rapaz, que havia sido conduzido ao DP Sede pelos
policiais militares sob a alegação de estar armado e fazendo gestos obscenos na
direção da viatura.
A época dos fatos, o filho de Brazzolin, negou a versão dos PMs. Ele havia
contado que os policiais estavam passando a todo momento em frente a um
restaurante em que estava com o amigo, e que ambos decidiram deixar o local,
cada um em um veículo.
Naquele momento, segundo o rapaz, os dois foram abordados. Ele contou que
os agentes, ao tomarem conhecimento de que era filho de Brazzolin, ameaçaram o
pai dele de morte. Na sequência prenderam o amigo e o conduziram à delegacia.
Quando soube pelo filho o que havia ocorrido, o policial civil se deslocou
ao DP, onde, de acordo com o filho, começou uma discussão, que resultou na
morte de Brazzolin.
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