Suspeitos trazem versões conflitantes entre si e também foram
presos por outros crimes que não a chacina
Vinte dias após a
chacina que deixou quatro mortos em Ibicuitinga (Sertão Central do Ceará), três
homens estão presos suspeitos de envolvimento no crime. Eles negam terem
participado da matança e trazem versões conflitantes em seus depoimentos. O
trio também foi preso por outros crimes que não a chacina.
Conforme Relatório Técnico elaborado pelo Departamento de Inteligência Policial
(DIP) da Polícia Civil, informações das equipes de campo apontam que o crime
foi praticado por membros do CV. “Possivelmente”, diz o relatório, algumas das
vítimas colaborariam com a GDE e isso teria motivado o crime.
Depoimento do primeiro suspeito, autuado por porte ilegal de arma de fogo,
aponta que a chacina ocorreu porque, no bar onde as vítimas foram mortas,
costumava haver reuniões de integrantes da GDE.
Inclusive, conforme “informações que rolam” — afirmou o suspeito, que terá a
identidade preservada — o assassinato do irmão de um dos supostos envolvidos
com a chacina (e que ainda não foi preso), teria ocorrido após uma reunião no
bar.
O depoimento ainda cita nomes de pessoas que poderiam ter relação com o crime.
“Na cidade de Ibicuitinga se sabe que quem matou a família da Paixão (Maria
Paixão Batista Barbosa, uma das vítimas) foi, dentre outras pessoas, [diz o
nome de dois suspeitos]“.
Ainda são citados os nomes de outras quatro pessoas que teriam participação no
bando que praticou a execução, incluindo o de Antônio Jonh Lennon de Araújo
Pinheiro, de 33 anos, preso no dia 13 por causa de um mandado de prisão por
roubo. Conforme a fonte, Jonh Lennon era da GDE, mas estava sendo punido pois
"estava roubando muito na região".
Jonh Lennon, entretanto, negou participação na chacina, dizendo que tinha
amizade com as vítimas e que, inclusive, Maria Paixão costumava ajudá-lo. Ele
afirmou que não ia a Ibicuitinga há cerca de 45 dias, desde que soube que havia
um mandado de prisão em aberto contra ele por roubo.
O suspeito disse que, no dia da chacina, estava no Sítio Santa Rita, localizado
na Zona Rural de Limoeiro do Norte, onde viria a ser preso dois dias
depois do crime. Por fim, Jonh Lennon disse que não havia saído da GDE e que,
conforme ele, dois dos homens apontados pelo primeiro preso como tendo
participação na chacina eram colaboradores da GDE.
O terceiro suspeito preso é Anderson da Silva, conhecido como Dandan,
localizado em Pacajus no dia 15 de fevereiro após uma denúncia anônima informar
que ele tinha participado da chacina. Em depoimento, ele também negou ter
participado no crime. Anderson disse que morava em Pacajus há três anos e
confirmou ser integrante do CV, mas que estava “quieto, trabalhando como
servente e indo à igreja".
Questionado sobre um
vídeo que estava circulando nas redes sociais que mostrava ele, ao lado de dois
homens, ostentando arma de fogo e fazendo alusão ao CV, Anderson disse que a
gravação era de 2020. Ele foi autuado em flagrante por integrar organização
criminosa.
Além de Maria Paixão, foram mortos na
chacina o companheiro dela, Antônio Cláudio Sena dos Santos, de 44 anos; a
filha de Maria, Lorrana Nobre, de 17 anos, que estava grávida de quatro meses;
e o namorado de Lorrana, Francisco Silva, de 21 anos. O neto de Maria, de três
anos, também foi baleado na ação.
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