As chuvas que caíram no Ceará nos dois primeiros meses da
quadra chuvosa, fevereiro e março, se mostraram tão
relevantes que 59 açudes estão sangrando - e seis deles vivenciaram esse
fenômeno novamente depois de mais de uma década, segundo monitoramento da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Ao todo, os 157 açudes acompanhados pelo órgão têm, atualmente, 44,6% do volume
total armazenado. Além dos 59 em sangria, outros 9 estão com volume acima de
90%.
Conforme a Companhia, o monitoramento sistemático e continuado permite conhecer
o regime hidrológico de cada açude, e assim saber “a capacidade e a garantia do
atendimento das demandas hídricas” das regiões onde eles estão localizados.
Veja abaixo quais açudes sangraram depois de muito tempo
AÇUDE CACHOEIRA - As intensas
precipitações no Cariri permitiram que o açude Cachoeira, no município de
Aurora, sangrasse no dia 14 de março. Foram 14 anos sem que o reservatório
atingisse sua capacidade máxima, a última vez foi em maio de 2009.
No mesmo período do ano passado, o Cachoeira guardava apenas 6,4% de
reserva hídrica. A construção da barragem começou em 1998, sendo concluída e
entregue no ano 2000.
AÇUDE PATU - O Patu, no município de
Senador Pompeu, atingiu 100% de sua capacidade e começou a sangrar no dia 27 de
março, fato que a população de lá não via há 12 anos.
A sangria inesperada, inclusive, causou inundações de casas e destruiu vias
de trânsito. Em resposta, a Prefeitura Municipal decretou situação de
emergência.
Há um ano, ele tinha apenas 16% de sua capacidade. É um dos maiores
reservatórios da bacia do Banabuiú.
Seu projeto data de 1919, durante o Governo do presidente Delfim Moreira.
No entanto, décadas de entraves burocráticos só levaram à sua conclusão em
novembro de 1987. O sítio da barragem serviu de abrigo para os chamados
“flagelados da seca”, em 1932 e 1933.
AÇUDE RIACHO DO SANGUE - Após 12 anos de espera,
a população de Solonópole finalmente reviu a sangria do açude Riacho do Sangue,
que também atingiu sua capacidade máxima no fim de março.
O cenário é bem diferente de janeiro de 2018, quando o açude ficou com
apenas 0,06% de sua capacidade, ou seja, totalmente seco após 100 anos de sua
inauguração, em 1918.
Durante esse período de estiagem entre 2012 e 2018, os governos estadual e
municipal tomaram várias medidas para amenizar os efeitos da seca, incluindo a
perfuração de poços artesianos.
Há um ano, ele estava com cerca de 60% de volume. A sangria do açude traz
alívio para os agricultores, pescadores e toda a população de Solonópole, que
depende do açude para sua subsistência e desenvolvimento econômico.
AÇUDE QUIXERAMOBIM (FOTO) - Na noite do último domingo (2), uma multidão esteve na ponte da Barragem
de Quixeramobim para vê-la sangrar. Segundo a gestão municipal, a estimativa
antes da estação chuvosa era que a cidade só teria água para mais dois meses.
Conforme a Cogerh, a última sangria do Quixeramobim havia sido em agosto de
2011.
O reservatório foi criado em 1958 e sangrou pela primeira vez no ano
seguinte.
AÇUDE VIEIRÃO - O Vieirão de Boa Viagem
havia sangrado pela última vez em maio de 2011. Depois de 12 anos, voltou a
verter na última segunda (3).
Para se ter noção da expressividade da chuva na região do Sertão Central,
no começo de março, o açude estava totalmente seco, com menos de 1% de volume.
Há cerca de um ano, 6,5% foi o máximo que ele atingiu.
A barragem foi concluída em 1988, na gestão do prefeito José Vieira Filho,
de quem se tirou o nome popular. Entre 2014 e 2020, ela ficou seca durante o
longo período de seca que atingiu o Ceará.
AÇUDE JENIPAPEIRO - O Jenipapeiro, em
Deputado Irapuan Pinheiro, foi outro que voltou a sangrar nesta quinta-feira
(6). O fenômeno não era visto desde maio de 2011, ou seja, há quase 12 anos.
Há um ano, ele tinha 33% do volume preenchido, média com a qual se manteve
até o mês passado. Construído pelo
governo federal, o lago artificial foi concluído em 1999.
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