O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) considera a
renda per capta e a população de cada cidade para calcular repasse
Prefeituras contestam dados do Censo
Com os novos dados de população divulgados pelo Censo 2022,
pelo menos 23 municípios do Ceará podem perder recursos do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), oriundo do Imposto de Renda (IR) e do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Isso ocorre porque o fundo leva em conta a renda per capita do Estado e
a quantidade de residentes de cada cidade do Interior para calcular o repasse
de verbas. Com a redução de habitantes,
o valor também é alterado.
Ao todo, 71 municípios do Ceará perderam residentes, quando comparados os
dados do Censo Demográfico de 2022 e os do anterior, realizado em 2010. Nem
todos, no entanto, perderão verbas, já que o FPM divide as cidades em faixas
populacionais. A partir delas, é designado um coeficiente que varia de 0,6 a 4
para cada município.
Segundo um estudo técnico da Confederação Nacional de Municípios (CNM), 23
cidades do Ceará tiveram diminuição do coeficiente. Ou seja, baixaram de faixa
populacional após a contagem de residentes realizada pelo Censo. Outras 13
cidades aumentaram e 147 ficaram estáveis. Fortaleza não entrou no estudo pois
o cálculo do FPM para as capitais é diferente.
O dado foi confirmado após a nova decisão normativa publicada pelo Tribunal
de Contas da União, válida a partir desta quinta-feira, 6. A queda não será brusca
devido a uma lei complementar que impediu a mudança de coeficiente para cidades
que reduziram população ainda em 2023 (leia mais abaixo).
Veja lista de cidades que vão perder recursos federais
Abaiara
Acopiara
Aiuaba
Amontada
Apuiarés
Aquiraz
Aurora
Boa Viagem
Caridade
Catarina
Cedro
Choró
Iguatu
Ipueiras
Itapajé
Madalena
Maranguape
Pacajus
Pacatuba
Piquet Carneiro
Potengi
Santana do Cariri
Viçosa do Ceará
A prefeita de Acopiara,
Ana Patrícia de Lima Barbosa (MDB), afirma que a cidade é uma das que já
esperavam perder coeficiente, passando de 2,2 para 1,8. “Será uma queda imensa
de receita”. Em 2010, o município tinha 51.160 habitantes. Em 2022, o número
diminuiu para 44.962 moradores.
A gestora relata que a verba advinda do FPM representa 90% de toda a
arrecadação do município, estando em torno de R$ 63 milhões por ano. “A
arrecadação própria é pequena em relação à despesa. A capacidade econômica do
município não tem força para compensar a queda do FPM”.
Os valores são utilizados para pagar investimentos em saúde, educação, salários
de funcionários e manutenção da estrutura geral do município, de acordo com Ana
Patrícia. Além de Acopiara, os municípios de Maranguape e de Caridade afirmaram
que irão contestar os números do Censo judicialmente.
A queda pode ter sido acentuada pois, durante o período de 12 anos que separam
as duas pesquisas, o cálculo do FPM estava sendo feito com projeções
populacionais apresentadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). No entanto, as projeções para a população de algumas cidades estavam
infladas, se comparadas ao dado oficial do Censo 2022.
O cálculo do coeficiente atual de Acopiara, por exemplo, estava sendo feito
levando em conta que existiam 54.687 habitantes na cidade, dado da projeção de
2021. Seriam 9.725 pessoas a mais do que foi registrado no Censo 2022.
Em 2015, ano que marcou a metade do intervalo entre um Censo e outro, estava
programada uma nova contagem populacional mais simples que a pesquisa
censitária. A pesquisa não ocorreu
devido à falta de verbas.
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