segunda-feira, 17 de julho de 2023

PMs utilizavam quartel para negociar drogas e tentavam interferir em prisões em delegacia e fórum

Organização criminosa formada por policiais e traficantes é acusada de crimes como extorsão, tráfico de drogas e tráfico de armas, em Fortaleza

Promotores de Justiça e policiais cumpriram 5 mandados de prisão preventiva e 24 mandados de busca e apreensão, nas operações Gênesis IX e X

O Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), esmiuçou um esquema criminoso formado por policiais militares e traficantes, que praticou crimes como extorsão, tráfico de drogas, tráfico de armas, receptação, corrupção e organização criminosa, em Fortaleza.
A teia criminosa, composta por 31 acusados pelo MPCE (sendo 17 policiais militares e ex-PMs e 14 traficantes), foi alvo das operações Gênesis IX e X, deflagradas no dia 2 de fevereiro deste ano. Na ocasião, 5 policiais foram presos e 24 mandados de busca e apreensão cumpridos. A denúncia do Ministério Público foi recebida pela Justiça Estadual, e os acusados viraram réus.
Conforme a denúncia do Gaeco, os agentes de segurança chegaram a combinar a entrega de um dinheiro, oriundo do tráfico de drogas, em um quartel da Polícia Militar do Ceará (PMCE); e tentavam interferir em prisões de comparsas dos seus aliados, durante o flagrante feito por outra composição militar, na delegacia da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) e até quando o caso já estava no Fórum Clóvis Beviláqua.
26 práticas criminosas cometidas pela quadrilha, descritas na denúncia, foram descobertas através de interceptações telefônicas e extração de dados dos aparelhos celulares dos investigados.
Entre os crimes, uma negociação de drogas que terminou em um quartel da Polícia Militar, na Capital. O falecido sargento PM Antônio Iran Ferreira de Lima (morto em um acidente automobilístico, em 22 de setembro de 2018) teria procurado o sargento Jeovane Moreira Araújo - apontado como líder da organização criminosa - para repassar uma droga, pelo valor de R$ 1.550, no dia 14 de abril de 2017, segundo as investigações do Gaeco.

CASOS DE EXTORSÃO - Outra prática recorrente da organização criminosa era extorquir pequenos e médios traficantes, rivais dos seus comparsas - com uso de informações privilegiadas da Polícia Militar.
Em um dos casos identificados pelo Gaeco, os PMs Jeovane Moreira, Oziel Pontes da Silva e Paulo Rogério Bezerra do Nascimento são acusados de extorquir um homem com mandado de prisão em aberto, no bairro Serrinha, no dia 22 de agosto de 2016. Para ele não ser preso, teve que pagar R$ 3 mil e entregar uma arma de fogo e três veículos para os policiais.
Em outro episódio, no dia 1º de novembro daquele ano, Jeovane e os também militares Francisco Clébio do Nascimento Alves, Francimar Barbosa Lima e José Alessandro dos Santos teriam exigido de um suspeito R$ 5 mil, além de terem subtraído uma pequena quantidade de droga.

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