Prisão de um agente no presídio de Pacatuba expôs um esquema de corrupção que já levou aparelhos celulares e mais entorpecentes ao presídio, com participação inclusive de outros servidores
Foi um cão que sinalizou que Victor Mateus estava na posse de
drogas, ao farejar o agente e sentar no chão
A prisão de um policial
penal, na posse de drogas, na Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo
(UP-Pacatuba), na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no último domingo
(22), expôs um esquema de corrupção que já levou aparelhos celulares e mais
entorpecentes ao presídio, com participação inclusive de outros servidores.
A direção da UP-Pacatuba já suspeitava que policiais penais estariam entrando
na Unidade com celulares e drogas para serem entregues aos detentos. Os agentes eram pagos com valores que
variavam de R$ 800 a R$ 4.000.
Na semana passada, a direção recebeu informações que um agente que estava
de férias era um dos "entregadores"
dos ilícitos e que voltaria ao trabalho nos dias seguintes. Era o caso do policial penal Victor Mateus
Thé Távora, que começou a ser monitorado.
Em razão da suspeita, Victor Mateus foi trocado de equipe no plantão do
último domingo (22) e escalado para trabalhar fora do presídio. Ele argumentou
com a direção para reverter a decisão, mas não conseguiu. Enquanto isso, uma
operação sigilosa foi montada, com apoio de equipes do Grupo de Ações
Penitenciárias (GAP) e da Coordenadoria de Inteligência (COINT), da Secretaria
da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP).
Policiais penais, com apoio de cães farejadores, começaram uma varredura no
presídio. Servidores também foram vistoriados. Foi um cão que sinalizou que Victor Mateus estava na posse de drogas,
ao farejar o agente e sentar no chão - posição que cães treinados pela Polícia
fazem ao encontrar entorpecentes.
156 gramas de drogas foram encontradas nos bolsos do policial penal, sendo
102 gramas de maconha e 54 gramas de cocaína. A droga seria entregue ao detento João Paulo Bandeira da Silva.
O policial penal e o
preso foram levados à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria
Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário
(CGD), onde foram autuados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. O servidor ainda responderá por corrupção
passiva e o detento, por corrupção ativa.
Na última segunda-feira (22), o 4º Núcleo Regional de Custódia e de
Inquérito (Caucaia), da Justiça Estadual, converteu as prisões em flagrante dos
dois suspeitos em prisões preventivas, além de suspender visitas ao interno
João Paulo Bandeira da Silva no Sistema Penitenciário.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA CRIMINOSO - Victor Mateus Thé Távora confessou, em depoimento à DAI, que procurou
João Paulo Bandeira da Silva, em agosto deste ano, por precisar de dinheiro - para pagar dívidas - e saber que o
detento pagava a policiais penais para entrarem com ilícitos no presídio.
R$ 4 MIL seriam pagos,
no esquema criminoso, para a entrada de um aparelho celular. E entre R$ 800 e
R$ 1 mil, para o policial penal ingressar com uma pequena quantidade de drogas,
conforme apuração da direção da UP-Pacatuba. Victor Mateus recebeu R$ 1 mil
para realizar a entrega de 156 gramas de entorpecentes, no último domingo (22).
Os ilícitos e o dinheiro eram entregues por familiares dos presos, em encontros
com os policiais penais. Autoridades suspeitam que pelo menos outros dois
agentes participavam do esquema criminoso.
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