Estudo mostra ainda que uma pessoa negra foi morta por intervenção policial a cada quatro horas no Ceará e em mais sete estados do país no ano passado
Jardeson Rodrigues Martins foi morto durante abordagem de
policiais militares da Força Tática, em Fortaleza
Enquanto os negros representam 71% da população cearense,
eles são 80% dos mortos por intervenção policial no estado, conforme pesquisa da Rede de Observatórios, com base em dados
divulgados pelas secretarias estaduais de segurança pública por meio da Lei de Acesso
à Informação (LAI).
Os estados pesquisados foram Bahia, Ceará,
Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, onde a Rede de
Observatórios tem escritórios.
O estudo mostra ainda que 1 pessoa negra foi morta por intervenção policial a
cada 4 horas no Ceará e em mais sete estados do país no ano passado. De 3.171
registros de morte que tinham a cor da vítima declarada analisados pelos pesquisadores
do estudo “Pele Alvo: a bala não erra o
negro”, pretos eram 2.770 pessoas, ou 87,35%.
A subnotificação da informação racial dos mortos por intervenção policial
chamou a atenção dos pesquisadores. Das 4.219 ocorrências vistas por eles, 1 em
cada 4 não tinha a informação sobre cor.
A pesquisa da Rede de Observatórios destaca que a letalidade da população negra
em casos de violência policial pode ser maior do que a divulgada por conta da
subnotificação e pela falta de detalhes sobre raça que, segundo os estudiosos,
acontece principalmente em três estados: Maranhão,
Ceará e Pará.
No Ceará, ficou constatado que em 69,74% das 152 mortes não foram identificadas
informações sobre cor. Nos casos que tinham o dado, 80,43% das mortes foram de
pessoas negras e sete de cada dez vítimas tinham entre 18 e 29 anos.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará afirmou que os
profissionais participam de disciplinas e formações, por meio da Academia
Estadual de Segurança Pública (Aesp), relacionadas a protocolos humanizados
para os atendimentos às ocorrências.
'Ser preto aqui é ter sua identidade
apagada': negros relatam como o racismo afeta o cotidiano de quem vive no
Ceará
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