Antonio Marcos da Silva Costa, o Marcão, desapareceu no dia 27 de agosto de 2023, após uma abordagem de policiais do Batalhão Especializado em Policiamento do Interior (BEPI), no Lago Seco, em Camocim
A ossada de um jovem,
de 23 anos, encontrada às margens da CE-085, em Barroquinha, no litoral-oeste
do estado, é de Antonio Marcos da Silva
Costa, o Marcão. O jovem desapareceu no dia 27 de agosto de 2023, após uma
abordagem de policiais do Batalhão Especializado em Policiamento do Interior (BEPI),
no Lago Seco, em Camocim.
Os restos mortais foram localizados no dia 18 de dezembro de 2023, na estrada
de acesso à localidade do Junco, em Barroquinha, próximo à localidade de
Timbaúba, próximo à rodovia que liga Barroquinha a Camocim.
Segundo a polícia, exames realizados no crânio e na arcada dentária comprovaram
que os restos mortais são de Marcão.
Antônio Marcos da Silva Costa e outros dois homens foram abordados pelos
policiais em uma barraca de praia. Na ocasião, os três jovens foram levados
pelos agentes. Dois deles voltaram para casa na madrugada do dia 28 de agosto e
denunciaram que foram torturados, já Antônio Marcos não foi mais localizado.
Relatos dos amigos é que Marcão teria discutido com um dos agentes.
Prisões dos policiais - Oito policiais
militares do BEPI foram presos, em setembro de 2023, por conta do
desaparecimento do jovem. Antes, outros cinco agentes já haviam se apresentado
na delegacia.
Os policiais investigados pelo sumiço de Antônio são: o sargento Cristiano
Oliveira Sousa; os soldados Samuel Santiago de Lima, José Márcio Carneiro
Almada, Eduardo Florêncio da Silva, Wellington Xavier de Farias, José Márcio
Barroso da Silva Júnior, Josinaldo Ferreira Barbosa Monteiro; e o cabo
Demairton Cipriano Silva.
Todos os oito agentes de segurança investigados pelo desaparecimento de
Marcão seguem presos em um presídio em Fortaleza.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário (CGD) afirmou que o caso segue em investigação e de
maneira sigilosa. Ano passado, a CGD, havia determinado, o afastamento
preventivo dos agentes por 120 dias. O órgão também instaurou um Conselho de
Disciplina para apurar as condutas dos militares.
Agressões e tortura - A CGD levou em
consideração o depoimento de testemunhas, que afirmaram que no dia 27 de agosto
duas equipes do Bepi chegaram em uma barraca na Praia de Maceió por volta as
18h50 e passaram a realizar abordagem de rotina no local.
"Segundo as narrativas nos citados B.O.’s, as duas viaturas policiais
chagaram ao local e passaram a realizar abordagem de rotina e, em não
encontrando nada, solicitaram que o rapaz conhecido por 'Marcão' entregasse seu
celular, ao que este recusara e então passaram a espancá-lo juntamente com os
outros dois rapazes, colocando os três numa viatura, seguindo em direção a
praia do Maceió e, chegando a altura do parque eólico, passaram a torturá-los,
ao tempo em que eram questionados por armas a todo momento".
Dois dos três rapazes levados pelos policiais apareceram em suas casas no dia
seguinte, por volta das 03h15. Um deles afirmou que teve aparelho celular
permanecido na posse dos policiais militares e outro teve o carro danificado. Já Antônio Marcos não foi mais localizado.
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