Parlamentar já chamou policiais civis com mais de 55 anos de "ratos" e "raposonas" - Também chegou a ser indiciado pela Corregedoria da Polícia Civil de SP
Delegado Da Cunha é delegado da polícia civil do Estado de
São Paulo
O deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), mais
conhecido como Delegado Da Cunha, é acusado de espancar
e ameaçar sua namorada de 28 anos, a nutricionista Betina Grusiecki. Ele ganhou
fama atuando como um policial youtuber exibindo vídeos e fotos que mostram operações
policiais e o dia a dia dos agentes, com prisões de suspeitos, ostentação de
armas de fogo e flagrantes de ocorrências.
O seu canal no Youtube tem mais de 3 milhões de inscritos. Se candidatou a
deputado federal por São Paulo em 2022 e conseguiu se eleger ao receber 181.568
votos pelo Progressistas. Sendo o 24ª mais votado.
Ele já se envolveu em diversas polêmicas, como acusações de xingar colegas e
simular operações para se promover. Em sua atuação na Polícia Civil,
Carlos Alberto passou por delegacias especializadas em investigar invasões de
domicílio na capital paulista.
Na Grande São Paulo ele coordenou operações para prender acusados de integrar a
facção Primeiro Comando da Capital (PCC) na região. Também investigou tráfico
de drogas em São Bernardo do Campo.
Polêmicas - Em julho de 2021, Da Cunha
participou do podcast Flow junto com o vereador e ex-PM Gabriel Monteiro (PSD),
e na ocasião, ele falou "que há grande corrupção no alto escalão da PM do
Rio de Janeiro". Em seguida, ele chamou policiais civis com mais de 55
anos de “ratos” e “raposonas”. A corporação alegou que ele havia usado
“linguagem inadequada” e feito “comentários depreciativos à imagem
institucional”. Ele foi afastado das ruas e teve que entregar a arma, o
distintivo e as algemas.
Carlos Alberto se envolveu em outra polêmica na mesma época ao publicar uma
foto como se estivesse sozinho deflagrando uma operação na Cracolândia, área
controlada pelo PCC e ocupada por dependentes químicos. Porém, a ação nunca
aconteceu oficialmente. Essa situação causou incômodo na cúpula da Polícia
Civil. Ainda em 2021, ele pediu licença de dois anos da Polícia Civil e, em
setembro, durante uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, confessou
que encenou o vídeo do flagrante uma ação de resgate em um cativeiro localizado
na favela Nhocuné, zona leste de São Paulo, em julho de 2020. A vítima havia
sido resgatada por outros policiais.
Investigado - O delegado Da Cunha
chegou a ser indiciado pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo por
crime de peculato por supostamente usar a estrutura policial para se promover e
gravar vídeos de operações oficiais que foram exibidos em suas redes sociais
particulares, como no YouTube.
A investigação apontou que o delegado pagava até R$ 14 mil por mês para a
equipe de filmagem. Apesar disso, a ação foi arquivada a pedido do Ministério
Público de São Paulo (MPSP). Também foi investigado por uma suposta lavagem de
dinheiro. O processo administrativo tratava de uma possível tentativa de
ocultar o recebimento, pagos a ele por um empresário do ramo de sucatas, no
valor de quase R$ 500 mil. Ainda foi alvo de um inquérito do Ministério
Público, que apurava possível enriquecimento ilícito. O governador Tarcísio
Freitas (Republicanos) resolveu devolver o distintivo e a arma ao deputado
federal em julho de 2023
Violência doméstica - A companheira do
parlamentar acusa-o de espancá-la e bater a sua cabeça na parede até ela
desmaiar. O crime aconteceu em um condomínio no bairro Aparecida, em Santos, no
litoral paulista. A mulher relatou à Polícia Civil que tem união estável com o
deputado há três anos e mora junto com ele. O policial também teria quebrado os
óculos da nutricionista e atirado cloro em suas roupas. O deputado federal nega
o crime. Betina solicitou medida protetiva e registrou o boletim de ocorrência
no último domingo, na Delegacia de Defesa da Mulher, em Santos, localizado no
litoral de São Paulo.
Ela afirma também que ele atacou sua honra, chamando-a de "putinha" e
"lixo" após ingerir bebida alcoólica. Quando ela acordou, jogou um
secador de cabelos na cabeça de Da Cunha. Ela acusa o youtuber de lesão
corporal, ameaça, injúria e violência doméstica.
A Justiça deferiu uma medida protetiva contra o delegado e deputado federal
Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), após acusação de agressão contra a
companheira. A aplicação das medidas cautelares previstas na Lei Maria da Penha
foram deferidas pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), após
grande repercussão do caso, que tramita em segredo de Justiça. Deste modo, Da
Cunha está proibido de se aproximar do apartamento em que morava com Betina,
devendo contatar uma pessoa para retirar os objetos pessoais dele do local.
Para além disso, o parlamentar deve manter-se afastado da nutricionista, sendo
determinado um limite mínimo de distância entre ambos de 300 metros e não
poderá manter contato com ela e com testemunhas por qualquer meio de
comunicação e redes sociais. As determinações são válidas pelo prazo de 90
dias.
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