Apenas 3 policiais serão julgados pelas mortes de reféns,
enquanto 8 militares responderão pelos assassinatos de suspeitos - Outros dois
acusados vão a julgamento por adulterar a cena do crime
Quadrilha que atacaria bancos de Milagres fez reféns e foi surpreendida
pela ação policial
Mais de cinco anos após
reféns e suspeitos serem mortos em uma ação da Polícia Militar do Ceará (PMCE)
no Município de Milagres, a Justiça Estadual decidiu levar 11 policiais
militares a julgamento pelos homicídios, no episódio que ficou conhecido como Tragédia
em Milagres. Ao total, 14 pessoas foram mortas (8 suspeitos e 6 reféns). Outros
dois acusados vão a julgamento por adulterar a cena do crime.
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) divulgou, nesta terça-feira (5), que a
sentença de pronúncia (isto é, a decisão de levar os réus a júri popular) foi
proferida pelo juiz Otávio Oliveira de Morais, da Vara Única de Milagres, na
última segunda (4). Os acusados podem recorrer em liberdade.
Apenas três policiais militares, José Azevedo Costa Neto, Edson Nascimento do
Carmo e Paulo Roberto Silva dos Anjos, devem ser julgados pelos homicídios de
reféns - por cinco de seis mortes.
Os PMs Leandro Vidal dos Santos e Fabrício de Lima Silva devem ir a júri
popular pelos homicídios qualificados de dois assaltantes que teriam sido
mortos após rendição. Já os policiais Alex Rodrigues Rezende, Daciel Simplício
Ribeiro, José Marcelo Oliveira, João Paulo Soares de Araújo, José Anderson
Silva Lima e Sérgio Saraiva Almeida também foram pronunciados pela participação
na execução de um dos acusados de integrar o grupo criminoso.
A mesma decisão judicial determinou que o ex-vice-prefeito de Milagres, Abraão
Sampaio de Lacerda, e o policial militar e ex-secretário de Segurança de
Milagres, Georges Aubert dos Santos Freitas, deverão ser julgados pela remoção
dos corpos dos reféns, com a intenção de adulterar o local do crime.
RELEMBRE A TRAGÉDIA EM MILAGRES - As vítimas foram feitas reféns por assaltantes na rodovia federal BR-116,
durante uma tentativa de assalto a agências bancárias. O caso aconteceu na
madrugada do dia 7 de dezembro de 2018. A tragédia ocorreu no momento em que a
maioria dos criminosos já tinha sido abatida e os outros fugiram.
Os criminosos roubaram um caminhão, usado para interditar a BR-116, entre
os municípios de Brejo Santo e Milagres, para impedir as ações policiais.
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) em 26
de abril de 2019, os policiais militares agiram de maneira imprudente,
negligente e sem a cautela necessária quando atiraram contra os reféns, que
tentavam se proteger por trás de postes.
A Justiça recebeu a denúncia no dia 20 de maio de 2019. A instrução criminal
começou com a designação da primeira audiência, que aconteceu em 13 de maio de
2023, quando foram ouvidas testemunhas. Os acusados começaram a ser
interrogados em juízo no último dia 15 de junho.
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