Três PMs estão presos pelos crimes - Controladoria de Disciplina abriu investigação administrativa contra os agentes
As prisões preventivas dos militares foram decretadas pela
Justiça Estadual no dia 10 de janeiro último e cumpridas dois dias depois
Três policiais
militares foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por uma
série de extorsões, cometidas enquanto estavam de serviço, contra uma mulher
gestante, em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os PMs
estão presos e também viraram alvos de uma investigação administrativa na
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema
Penitenciário (CGD).
Uma portaria da CGD, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) da última terça-feira
(9), instaurou Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Antônio Wellington
Ribeiro de Andrade e os soldados Lucas Valentim Pinto Andrade e Wiver Rodrigues
da Silva.
O documento descreve que os policiais militares foram indiciados pela Delegacia
de Assuntos Internos (DAI) por extorsões contra duas mulheres, além de cometerem invasão de domicílio,
tortura, ameaças e porte ilegal de drogas. Para a Controladoria, "a
documentação apresentada reuniu indícios de materialidade e autoria,
demonstrando, em tese, a ocorrência de conduta capitulada como infração
disciplinar".
Os PMs foram denunciados pelo MPCE pelo crime de extorsão, no dia 15 de
fevereiro deste ano. A 2ª Vara Criminal da Comarca de Maracanaú, da Justiça
Estadual, recebeu a denúncia, e os militares viraram réus, no dia 21 seguinte. Em caso de condenação, a pena pelo crime de
extorsão varia de 4 a 10 anos de reclusão.
As prisões preventivas dos militares foram decretadas pela Justiça Estadual no
dia 10 de janeiro último e cumpridas dois dias depois, assim como mandados de
busca e apreensão nas residências dos agentes e a quebra de sigilo telefônico e
telemático. Os policiais recorreram ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE)
sobre a prisão, mas tiveram os recursos negados.
COMO ACONTECERAM AS EXTORSÕES - Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará, uma mulher
gestante foi vítima de uma série de extorsões cometidas por policiais
militares, em Maracanaú, entre outubro de 2023 e janeiro de 2024. Uma amiga
dela também teria sido abordada e extorquida, em um dos episódios.
As duas mulheres foram presas em flagrante pela Polícia Militar, no dia 9 de
outubro do ano passado, na posse de pequenas quantidades de droga. Entretanto,
elas foram soltas pela Justiça, em audiência de custódia.
Três dias depois, ao verem as mulheres soltas, policiais militares voltaram a
abordá-las. "De acordo com o que a vítima narrou, 03 (três) policiais
militares adentraram na mesma residência e reviraram todos os móveis, em busca
de ilícitos, mas nada encontraram. Então, iniciaram sessões de torturas, com
uso de spray de pimenta e ameaças de que desfeririam uma paulada em...
(identidade preservada), a qual inclusive está gestante, caso não dissessem
onde havia armas e/ou drogas".
A outra mulher entregou crack e cocaína.
Mas, ainda assim, os policiais exigiram armas de fogo ou dinheiro, para não
levá-las presas. A mulher gestante prometeu levantar R$ 5 mil, no mesmo dia. O
dinheiro não foi pago, e os policiais teriam avisado à amiga dela que, se a
encontrassem, a matariam.
No dia 25 de dezembro
último, a mulher gestante foi surpreendida por uma nova abordagem de uma
viatura da Polícia Militar. A vítima contou que foi levada para dentro de uma
casa, "onde foi torturada pelos policiais, que deram uma paulada em sua
cabeça".
Sob a ameaça de lhe prenderem através de um flagrante forjado, com drogas que
os próprios policiais traziam consigo, os agentes de segurança pública exigiram
R$3.000,00 (três mil reais) de ... (identidade preservada), para não a levarem
para a Delegacia, com esse suposto material ilícito forjado, tendo em seguida
baixado o valor para R$ 2.000,00 (dois mil reais) e, por fim, para R$ 1.000,00
(mil reais)".
A vítima conseguiu R$ 900 com o tio e transferiu por Pix para um policial
militar, no dia seguinte. Porém, ainda assim, as extorsões continuaram, desta
vez pela rede social WhatsApp, no início de 2024, segundo a investigação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário