O jovem sumiu há quase nove anos, após ser abordado pelos policiais militares, e nunca teve o corpo encontrado
João Paulo desapareceu no dia 30 de setembro de 2015, na ida
para o trabalho
Depois de quase 9 anos,
o desaparecimento do frentista João
Paulo de Sousa Rodrigues, em Fortaleza, resultará em um julgamento
criminal. Quatro policiais militares irão sentar no banco dos réus da Justiça
Estadual, a partir desta segunda-feira (6), por matar e ocultar o corpo do jovem
- que nunca foi encontrado.
O sargento da Polícia Militar do Ceará
(PMCE) Haroldo Cardoso da Silva, os cabos Antônio Ferreira Barbosa Júnior e
Francisco Wanderley Alves da Silva e o soldado Elidson Temoteo Valentim irão a
júri popular pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo
torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel), ocultação
de cadáver e roubo (já que a motocicleta da vítima também sumiu). Os PMs
chegaram a ser presos, mas foram soltos depois de alguns meses. Haroldo está
aposentado, enquanto os outros militares atuam em funções administrativas -
afastados do serviço nas ruas.
O julgamento está previsto para durar três dias - até a próxima quarta-feira (8).
Representante do Ministério Público do Ceará (MPCE) no processo, o promotor de
Justiça Marcus Renan Palácio espera que os réus sejam condenados à prisão.
O empresário Severino Almeida Chaves, conhecido como 'Ceará', proprietário do
posto de combustíveis em que João Paulo trabalhava, chegou a ser acusado pelo
Ministério Público de ser o mandante do homicídio. Entretanto, ele foi
impronunciado pela Justiça (ou seja, a decisão judicial foi de não levá-lo a
julgamento), por falta de provas.
COMO O FRENTISTA DESAPARECEU - O frentista João Paulo de Sousa Rodrigues desapareceu no dia 30 de
setembro de 2015, na ida para o trabalho. Uma câmera de videomonitoramento
registrou o momento em que ele foi colocado dentro de um veículo, por policiais
militares.
"Em síntese, a dinâmica dos fatos sustentada pela acusação mostra que
há elementos mínimos de prova indicando que a vítima João Paulo foi abordada pela
composição de policiais militares Wanderley, Ferreira e Valentim (viatura
14071), algemada e conduzida para o interior do veículo Pálio de cor preta
pertencente ao policial militar Haroldo, permanecendo algemada no veículo
particular".
Em seguida, a motocicleta da vítima foi subtraída por comparsa não
identificado, saindo em comboio com a viatura 14071 que, de acordo com
georeferenciamento de satélite, saiu de sua rota e adentrou em estradas e
locais ermos por período de tempo considerável. Nunca mais sendo encontrado o corpo
da vítima e a motocicleta.
Em decisão - João Paulo trabalhava
em um posto de combustíveis que foi roubado cinco vezes, em Maracanaú. Em
fevereiro de 2015, ele começou a trabalhar em um posto de propriedade de
Severino Almeida Chaves. E, no dia 13 de setembro daquele ano, o
estabelecimento foi assaltado. A sequência de crimes na presença do frentista
fez o empresário desconfiar do empregado e encomendar a sua morte, de acordo
com a denúncia do MPCE.
No entanto, João Paulo não teve participação nos casos ocorridos nos locais
onde trabalhava. O jovem também não tinha passagens pela Polícia, nem mesmo
quando ainda era adolescente. A mãe do jovem disse que ele sofria de gagueira
desde criança e que esse fato fez com que o ex-patrão achasse que ele estava
envolvido no roubo.
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