Chama atenção força do Comando Vermelho (CV) como principal
grupo criminoso atuando em solo cearense no período eleitoral
Comando Vermelho foi a principal facção atuante no Ceará no
período eleitoral
A campanha eleitoral de 2024 trouxe consigo um novo agente
com capacidade de influência política direta e indireta no transcorrer do
processo eleitoral nos municípios cearenses. A presença e atuação
de facções criminosas durante o pleito registrou episódios de ameaças e ataques
a políticos e eleitores em algumas das cidades mais importantes do Estado;
concomitantemente, autoridades foram mobilizadas para apurar denúncias de
ocorrências concretas. Lucas Barbosa, repórter especial do O POVO que estuda
temáticas vinculadas à Segurança Pública, destacou a atuação do Comando
Vermelho (CV) como principal grupo criminoso atuando em solo cearense no
período eleitoral. No podcast Jogo Político, Barbosa citou casos em municípios
de todas as regiões cearenses.
Entre os casos listados com suspeitas de atuação de membros da facção, estão
ameaças em Santa Quitéria, onde um homem foi enviado do Rio de
Janeiro para o município cearense; cobrança de pedágios ou extorsões para
realização de campanhas em Sobral e outras cidades; denúncias de compra de
votos em Fortaleza e outros municípios, além de outras formas de ameaça e
intimidação em outras cidades.
Em Santa Quitéria, foi preso em flagrante um homem que seria integrante do CV,
e a Secretaria da Segurança divulgou que esse homem estava no Rio de Janeiro e
veio para Santa Quitéria só para fazer essa movimentação. O homem de 19 anos é apontado
como chefe de um grupo criminoso em cidades na Região Norte do Estado e que
teria intimidado eleitores, buscando influenciar o voto a favor de determinados
candidatos no pleito deste ano.
Compra de voto e ameaças em Fortaleza - Na tarde do domingo de eleição, 6 de
outubro, um homem foi preso suspeito de oferecer dinheiro para eleitores
votarem em um candidato a vereador no bairro João XXIII, em Fortaleza. O homem
seria ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV). O caso foi
denunciado por uma advogada que estava trabalhando para uma coligação. Ela
relatou que, após fazer a denúncia, teve familiares ameaçados por
desconhecidos por meio de telefonemas. A advogada relatou que viu o
momento em que o homem abordava carros na rua e oferecia R$ 50 para quem votasse
em determinado candidato.
Também na Capital, em agosto, o candidato a vereador Márcio Cruz (PCdoB)
registrou Boletim de Ocorrência (B.O) em que relatou ter sido abordado por uma
dupla que dizia integrar a facção Comando Vermelho (CV). Conforme depoimento,
ele estava em uma atividade de campanha quando a dupla disse que ele não
poderia atuar na região. De acordo com o candidato, os homens aparentavam estar
armados.
Sobral - Investigação da Polícia Civil apontou
que membros de facção criminosa CV usavam um grupo de WhatsApp para coordenar e
executar ataques contra eleitores da candidata a prefeita de Sobral, a
ex-governadora Izolda Cela (PSB), que participavam de comícios na cidade da
Região Norte.
Também em Sobral foram apuradas denúncias de candidatos a vereador que
apontavam a cobrança de “pedágios” feitos pelo crime organizado para que eles
pudessem fazer campanha em determinados pontos.
IGUATU - Em agosto deste ano, a Polícia
Civil cumpriu mandados de prisão temporária e busca e apreensão domiciliar
contra pessoas suspeitas de envolvimento com organizações criminosas na cidade
de Iguatu.
Um dos alvos foi Thiago Oliveira, o
Fumaça, apontado como chefe do tráfico de drogas na cidade e vinculado à
facção criminosa CV. Conversas entre Thiago e uma advogada foram reveladas a
partir das apreensões feitas na operação. A
advogada Márcia Rúbia Batista Teixeira era a citada nas conversas,
numa relação descrita pelas autoridades como algo que "transcende a
relação cliente-advogado", incluindo transferências de quantias em
dinheiro realizadas pela advogada para o suspeito. A investigação apontou ainda
que além de transferir dinheiro, a advogada teria pedido ao suposto
traficante indicação de um coordenador e que Thiago ainda teria se colocado à
disposição para auxiliar a advogada em um bairro determinado onde atuava. O
inquérito apontou ainda para indícios de que esse coordenador também seria
responsável por intervir no processo eleitoral deste ano, resolvendo questões
em favor de candidatura apoiada pela advogada no Bairro Santo Antônio.
FONTE – O POVO
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