quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Eleição - Atuação de facções teve compra de votos e até enviado do RJ para intimidações no Ceará

Chama atenção força do Comando Vermelho (CV) como principal grupo criminoso atuando em solo cearense no período eleitoral

Comando Vermelho foi a principal facção atuante no Ceará no período eleitoral

A campanha eleitoral de 2024 trouxe consigo um novo agente com capacidade de influência política direta e indireta no transcorrer do processo eleitoral nos municípios cearenses. A presença e atuação de facções criminosas durante o pleito registrou episódios de ameaças e ataques a políticos e eleitores em algumas das cidades mais importantes do Estado; concomitantemente, autoridades foram mobilizadas para apurar denúncias de ocorrências concretas. Lucas Barbosa, repórter especial do O POVO que estuda temáticas vinculadas à Segurança Pública, destacou a atuação do Comando Vermelho (CV) como principal grupo criminoso atuando em solo cearense no período eleitoral. No podcast Jogo Político, Barbosa citou casos em municípios de todas as regiões cearenses.
Entre os casos listados com suspeitas de atuação de membros da facção, estão ameaças em Santa Quitéria, onde um homem foi enviado do Rio de Janeiro para o município cearense; cobrança de pedágios ou extorsões para realização de campanhas em Sobral e outras cidades; denúncias de compra de votos em Fortaleza e outros municípios, além de outras formas de ameaça e intimidação em outras cidades.
Em Santa Quitéria, foi preso em flagrante um homem que seria integrante do CV, e a Secretaria da Segurança divulgou que esse homem estava no Rio de Janeiro e veio para Santa Quitéria só para fazer essa movimentação. O homem de 19 anos é apontado como chefe de um grupo criminoso em cidades na Região Norte do Estado e que teria intimidado eleitores, buscando influenciar o voto a favor de determinados candidatos no pleito deste ano.
Compra de voto e ameaças em Fortaleza - Na tarde do domingo de eleição, 6 de outubro, um homem foi preso suspeito de oferecer dinheiro para eleitores votarem em um candidato a vereador no bairro João XXIII, em Fortaleza. O homem seria ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV). O caso foi denunciado por uma advogada que estava trabalhando para uma coligação. Ela relatou que, após fazer a denúncia, teve familiares ameaçados por desconhecidos por meio de telefonemas. A advogada relatou que viu o momento em que o homem abordava carros na rua e oferecia R$ 50 para quem votasse em determinado candidato.
Também na Capital, em agosto, o candidato a vereador Márcio Cruz (PCdoB) registrou Boletim de Ocorrência (B.O) em que relatou ter sido abordado por uma dupla que dizia integrar a facção Comando Vermelho (CV). Conforme depoimento, ele estava em uma atividade de campanha quando a dupla disse que ele não poderia atuar na região. De acordo com o candidato, os homens aparentavam estar armados.

Sobral - Investigação da Polícia Civil apontou que membros de facção criminosa CV usavam um grupo de WhatsApp para coordenar e executar ataques contra eleitores da candidata a prefeita de Sobral, a ex-governadora Izolda Cela (PSB), que participavam de comícios na cidade da Região Norte.
Também em Sobral foram apuradas denúncias de candidatos a vereador que apontavam a cobrança de “pedágios” feitos pelo crime organizado para que eles pudessem fazer campanha em determinados pontos.

IGUATU - Em agosto deste ano, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão temporária e busca e apreensão domiciliar contra pessoas suspeitas de envolvimento com organizações criminosas na cidade de Iguatu.
Um dos alvos foi Thiago Oliveira, o Fumaça, apontado como chefe do tráfico de drogas na cidade e vinculado à facção criminosa CV. Conversas entre Thiago e uma advogada foram reveladas a partir das apreensões feitas na operação. A advogada Márcia Rúbia Batista Teixeira era a citada nas conversas, numa relação descrita pelas autoridades como algo que "transcende a relação cliente-advogado", incluindo transferências de quantias em dinheiro realizadas pela advogada para o suspeito. A investigação apontou ainda que além de transferir dinheiro, a advogada teria pedido ao suposto traficante indicação de um coordenador e que Thiago ainda teria se colocado à disposição para auxiliar a advogada em um bairro determinado onde atuava. O inquérito apontou ainda para indícios de que esse coordenador também seria responsável por intervir no processo eleitoral deste ano, resolvendo questões em favor de candidatura apoiada pela advogada no Bairro Santo Antônio.

FONTE – O POVO

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