O mentor intelectual do plano criminoso e responsável por fazer as ameaças às vítimas e às suas famílias, em ligações telefônicas, estava detido no Sistema Penitenciário cearense
Ameaças teriam partido de ligações feitas por um detento do
sistema penitenciário cearense
Pelo menos três pessoas, em Limoeiro do Norte, Interior do
Ceará, receberam ligações com ameaças a
elas e aos familiares, em outubro de 2018. As vítimas deviam realizar um
pagamento, para não serem alvos de ações criminosas. Um trabalho das polícias
Civil (PCCE) e Militar do Ceará (PMCE) levou à identificação dos envolvidos nas
extorsões - entre eles, um preso, que seria o responsável pelas ligações
ameaçadoras. Seis anos depois, cinco acusados pelos crimes foram condenados à
prisão pela Justiça Estadual.
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas sentenciou os cinco réus a uma
pena total de 37 anos e 5 meses de reclusão, pelo crime de extorsão (cometido
três vezes). Porém, o grupo foi absolvido da acusação de integrar organização
criminosa. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da
última quinta-feira (21).
Apontado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) como integrante da facção
criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e como "o mentor intelectual e
responsável pelas mensagens ameaçadoras", Antônio Aldair Gomes Nogueira recebeu a maior pena: 8 anos e 9 meses
de reclusão. Ele foi acusado de realizar as ligações ameaçadoras, mesmo estando
preso no Sistema Penitenciário cearense.
Já os outros réus - Daniel Edvan de Lima, Érica Naiane da Silva Lopes, Jéssica
Renara Nogueira Barbosa e Maria Edivânia de Sousa Costa - foram condenados a 7
anos e 2 meses de reclusão, cada. A Justiça concedeu, aos cinco réus, o direito
de recorrer da sentença em liberdade, já que não havia mandado de prisão ativo
contra eles no processo criminal.
Um sexto acusado de participar das extorsões, José Fernandes da Silva Júnior,
teve a punibilidade extinta, em razão de ter sido assassinado com disparos de
arma de fogo, no Centro de Limoeiro do Norte, no dia 16 de julho de 2020.
Como aconteceram as extorsões - Conforme a sentença judicial, o grupo condenado realizou pelo menos três
extorsões, contra moradores de Limoeiro do Norte, em outubro de 2018. No dia 25
daquele mês, uma mulher recebeu uma ligação de uma pessoa que cobrava R$ 8 mil,
"sob ameaça de grave mal a sua pessoa e a sua família". Após
negociações, o valor foi reduzido para R$ 900, e a vítima deixou o dinheiro em
uma oficina, como pedia o criminoso.
R$ 40 mil foram cobrados pelo
grupo criminoso a um homem, "para
preservar sua integridade física", no dia 18 daquele mês, segundo a
sentença. Entretanto, a vítima conseguiu reduzir o valor para R$ 3 mil, que
foram pagos.
A terceira vítima do esquema criminoso foi extorquida também no dia 25 de
outubro de 2018. O homem recebeu uma ligação em que um criminoso cobrava R$ 15
mil, "sob ameaça de represálias contra sua família". Porém,
"diante das ameaças, (ele) optou por bloquear as chamadas e mensagens e
procurou a polícia para relatar o ocorrido".
O Ministério Público
verificou, na ficha do Sistema Penitenciário, que Antônio Aldair foi
identificado como integrante da facção Primeiro Comando da Capital.
Ainda conforme a acusação, Aldair contava com o auxílio de familiares e amigos
para receber os pagamentos das vítimas de extorsões. Maria Edivânia de Sousa
Costa é apontada como companheira do membro do PCC; e Jéssica Renara Nogueira
Barbosa, como prima. Já Daniel Edvan de Lima e Érica Naiane da Silva Lopes
seria um casal de amigos.
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