quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Relatório revela pacto entre facções contra secretário de Administração Penitenciária do Ceará

Logo após a posse de Albuquerque, em 2019, uma onda de ataques marcou o estado, atingindo ônibus, prédios públicos e propriedades privadas

Um relatório organizado pela Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do Ceará trouxe à tona detalhes sobre um suposto pacto estabelecido entre facções dentro do sistema prisional contra o secretário da SAP, Mauro Albuquerque. Essa trégua teria sido assegurada por meio de um “salve”, após uma série de ações criminosas desencadeadas no início da gestão do secretário.
Logo após a posse de Mauro Albuquerque, em 2019, uma onda de ataques marcou o estado, atingindo ônibus, prédios públicos e propriedades privadas. De acordo com o relatório, os ataques foram uma reação ao endurecimento das medidas de controle nas unidades prisionais.
Uma carta apreendida com um preso revelou uma convocação de uma facção criminosa a outras organizações, tanto dentro quanto fora das prisões. No documento, os internos expressavam insatisfação com a atual administração da SAP, alegando que projetos educacionais e de trabalho prolongavam a permanência do secretário no cargo. O bilhete também trazia uma lista de reivindicações, como o aumento na quantidade dos itens autorizados para a entrega pelas famílias, a segmentação das facções por presídios e o retorno das visitas íntimas. Os detentos ameaçavam retomar os ataques caso as exigências não fossem atendidas.
Em outubro de 2023, familiares de presos realizaram uma manifestação em frente ao Fórum Clóvis Beviláqua, cobrando as mesmas demandas citadas na carta. O relatório da SAP aponta que o protesto foi articulado pelos próprios detentos, reforçando a capacidade de organização das facções mesmo sob vigilância.
Além disso, as investigações revelaram imagens de uma reunião que teria envolvido membros de três grandes grupos criminosos: uma cearense, outra do Rio de Janeiro e uma terceira de São Paulo. Entre os participantes estava um preso identificado como membro do “conselho final”, a cúpula de uma facção, e apontado como mandante dos ataques de 2019.
A revelação de um pacto informal entre facções e as ameaças de novos ataques ressaltam os desafios enfrentados pela gestão prisional do Ceará. A SAP reforça que medidas de inteligência e controle continuam sendo priorizadas para garantir a segurança dentro e fora das unidades prisionais, mas a influência das organizações criminosas segue sendo uma preocupação constante.

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