Logo após a posse de Albuquerque, em 2019, uma onda de ataques marcou o estado, atingindo ônibus, prédios públicos e propriedades privadas
Um relatório organizado
pela Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária
(SAP) do Ceará trouxe à tona detalhes sobre um suposto pacto estabelecido entre
facções dentro do sistema prisional contra o secretário da SAP, Mauro Albuquerque. Essa trégua teria
sido assegurada por meio de um “salve”,
após uma série de ações criminosas desencadeadas no início da gestão do
secretário.
Logo após a posse de Mauro Albuquerque, em 2019, uma onda de ataques marcou o
estado, atingindo ônibus, prédios públicos e propriedades privadas. De acordo
com o relatório, os ataques foram uma reação ao endurecimento das medidas de controle
nas unidades prisionais.
Uma carta apreendida com um preso revelou uma convocação de uma facção
criminosa a outras organizações, tanto dentro quanto fora das prisões. No
documento, os internos expressavam insatisfação com a atual administração da
SAP, alegando que projetos educacionais e de trabalho prolongavam a permanência
do secretário no cargo. O bilhete também trazia uma lista de reivindicações,
como o aumento na quantidade dos itens autorizados para a entrega pelas
famílias, a segmentação das facções por presídios e o retorno das visitas
íntimas. Os detentos ameaçavam retomar os ataques caso as exigências não fossem
atendidas.
Em outubro de 2023, familiares de presos realizaram uma manifestação em frente
ao Fórum Clóvis Beviláqua, cobrando as mesmas demandas citadas na carta. O
relatório da SAP aponta que o protesto foi articulado pelos próprios detentos,
reforçando a capacidade de organização das facções mesmo sob vigilância.
Além disso, as investigações revelaram imagens de uma reunião que teria
envolvido membros de três grandes grupos criminosos: uma cearense, outra do Rio
de Janeiro e uma terceira de São Paulo. Entre os participantes estava um preso
identificado como membro do “conselho
final”, a cúpula de uma facção, e apontado como mandante dos ataques de
2019.
A revelação de um pacto informal entre facções e as ameaças de novos ataques
ressaltam os desafios enfrentados pela gestão prisional do Ceará. A SAP reforça
que medidas de inteligência e controle continuam sendo priorizadas para
garantir a segurança dentro e fora das unidades prisionais, mas a influência
das organizações criminosas segue sendo uma preocupação constante.
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