domingo, 29 de dezembro de 2024

Ministério Público pede cassação de prefeito e vice de Santa Quitéria por suposto envolvimento com facção criminosa

A chapa de Braguinha e Gardel foi eleita no primeiro turno das eleições de 2024 com 11.292 votos

Prefeito Braguinha (à esquerda, de paletó azul) e vice Gardel na cerimônia de diplomação

O Ministério Público Eleitoral (MPE) do Ceará pediu a cassação do mandato do prefeito reeleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo (PSB), e do seu vice, Francisco Gardel Mesquita Ribeiro (PSB), por suspeita de envolvimento com uma facção criminosa de origem carioca, que teria atuado em favor da chapa nas eleições municipais de 2024.
De acordo com o MPE, José Braga Barrozo, conhecido como Braguinha, foi favorecido por membros do Comando Vermelho durante o pleito. Os criminosos teriam ameaçado e coagido eleitores do candidato à prefeito Tomás Figueiredo (MDB), e ordenado ações contrárias à candidatura do opositor.
Conforme a denúncia, os faccionados ordenavam inclusive que casas com símbolos de apoio ao candidato do MDB fossem pichadas, e o grupo criminoso chegou a enviar ameaças anônimas ao Cartório Eleitoral do município.
O MPE pediu a cassação de Braguinha e do seu vice, conhecido como Gardel Padeiro, bem a inelegibilidade dos dois por oito anos. Além dos dois gestores, uma candidata a vereadora da cidade, Kylvia de Lima (PP), também é acusada de envolvimento no esquema.
A chapa de Braguinha e Gardel foi eleita no primeiro turno das eleições de 2024 com 11.292 votos, o que corresponde a 41,1% dos votos válidos do município. O candidato Tomás Figueiredo teve 8.106 votos, correspondente a 29,44% dos votos válidos.

Carro para traficante - A investigação aponta que o tráfico de drogas em Santa Quitéria é comandado pelo traficante Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, que está foragido e, até o início de dezembro, estava escondido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
As ações a favor do prefeito reeleito de Santa Quitéria, o Braguinha, teriam sido autorizadas por Anastácio, que chegou a enviar um homem apontado como seu braço direito e identificado como "Rikelme Argentino" para coordenar a operação no município.
No início de dezembro, Anastácio foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os agentes encontraram uma casa que seria do traficante, com piscina e itens de luxo.
Ainda conforme o Ministério Público Eleitoral, em julho deste ano dois servidores da Prefeitura de Santa Quitéria teriam ido até o Rio de Janeiro dirigindo um veículo Mitsubishi Eclipse Cross com intuito de entregá-lo a Anastácio. A versão mais simples do carro, conforme valores da tabela Fipe de 2024, custa cerca de R$ 195 mil.
Um dos servidores era um assessor técnico do órgão municipal de trânsito de Santa Quitéria, e o outro era o coordenador do gabinete do prefeito.
Os dois servidores chegaram ao Rio no dia 19 de julho e voltaram ao Ceará, de avião, no dia 21. O veículo, por sua vez fez, foi encontrado na casa de Anastácio durante a operação da Polícia Civil no início do mês.
Para o MPE, as circunstâncias mostram que candidato Braguinha "é aliado de pessoas envolvidas com a organização criminosa e até mantém alguma dessas pessoas nos quadros da administração pública".

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