Prefeito Braguinha (à esquerda, de paletó azul) e vice Gardel
na cerimônia de diplomação
O Ministério Público
Eleitoral (MPE) do Ceará pediu a cassação do mandato do prefeito reeleito de
Santa Quitéria, José Braga Barrozo
(PSB), e do seu vice, Francisco Gardel
Mesquita Ribeiro (PSB), por suspeita de envolvimento com uma facção
criminosa de origem carioca, que teria atuado em favor da chapa nas eleições
municipais de 2024.
De acordo com o MPE, José Braga Barrozo,
conhecido como Braguinha, foi favorecido por membros do Comando Vermelho
durante o pleito. Os criminosos teriam ameaçado e coagido eleitores do
candidato à prefeito Tomás Figueiredo
(MDB), e ordenado ações contrárias à candidatura do opositor.
Conforme a denúncia, os faccionados ordenavam inclusive que casas com símbolos
de apoio ao candidato do MDB fossem pichadas, e o grupo criminoso chegou a
enviar ameaças anônimas ao Cartório Eleitoral do município.
O MPE pediu a cassação de Braguinha e do seu vice, conhecido como Gardel
Padeiro, bem a inelegibilidade dos dois por oito anos. Além dos dois gestores,
uma candidata a vereadora da cidade, Kylvia de Lima (PP), também é acusada de
envolvimento no esquema.
A chapa de Braguinha e Gardel foi eleita no primeiro turno das eleições de 2024
com 11.292 votos, o que corresponde a 41,1% dos votos válidos do município. O
candidato Tomás Figueiredo teve 8.106 votos, correspondente a 29,44% dos votos
válidos.
Carro para traficante - A investigação aponta
que o tráfico de drogas em Santa Quitéria é comandado pelo traficante Anastácio
Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, que está foragido e, até o início
de dezembro, estava escondido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
As ações a favor do
prefeito reeleito de Santa Quitéria, o Braguinha, teriam sido autorizadas por
Anastácio, que chegou a enviar um homem apontado como seu braço direito e
identificado como "Rikelme Argentino" para coordenar a operação no
município.
No início de dezembro, Anastácio foi alvo de uma operação da Polícia Civil do
Rio de Janeiro. Os agentes encontraram uma casa que seria do traficante, com
piscina e itens de luxo.
Ainda conforme o Ministério Público Eleitoral, em julho deste ano dois
servidores da Prefeitura de Santa Quitéria teriam ido até o Rio de Janeiro
dirigindo um veículo Mitsubishi Eclipse Cross com intuito de entregá-lo a
Anastácio. A versão mais simples do carro, conforme valores da tabela Fipe de 2024,
custa cerca de R$ 195 mil.
Um dos servidores era um assessor técnico do órgão municipal de trânsito de
Santa Quitéria, e o outro era o coordenador do gabinete do prefeito.
Os dois servidores chegaram ao Rio no dia 19 de julho e voltaram ao Ceará, de
avião, no dia 21. O veículo, por sua vez fez, foi encontrado na casa de
Anastácio durante a operação da Polícia Civil no início do mês.
Para o MPE, as circunstâncias mostram que candidato Braguinha "é aliado de
pessoas envolvidas com a organização criminosa e até mantém alguma dessas
pessoas nos quadros da administração pública".
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