sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Prefeito de Santa Quitéria é acusado de envolvimento com facção - MPE pede cassação do diploma

Segundo informações, a finalidade da aliança com a criminalidades era de influenciar o voto dos eleitores e violar a normalidade e legitimidade do último pleito

O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação do prefeito reeleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, conhecido como Braguinha (PSB), e do seu vice Francisco Gardel Mesquita Ribeiro, Gardel Padeiro (Progressistas), acusados de abusar do poder político e econômico ao se envolverem com integrantes de uma facção criminosa.
Segundo informações, a finalidade da aliança com a criminalidades era de influenciar o voto dos eleitores e violar a normalidade e legitimidade do último pleito.
O órgão também pediu a inelegibilidade dos dois eleitos, além da candidata a vereadora Kylvia Maria de Lima Oliveira (Progressistas), e dos servidores Francisco Leandro Farias de Mesquita e Francisco Edineudo de Lima Ferreira, suspeitos de participarem das atividades ilegais. Até o momento, eles ainda não foram citados pela Justiça Eleitoral.

Histórico - Em abril do ano passado, Braguinha chegou a ser afastado da prefeitura por 180 dias, por suspeitas de irregularidades em contratos para limpeza pública de Santa Quitéria e abastecimento de veículos da cidade.
Em agosto do mesmo ano, porém, a Câmara dos Vereadores do município votou pelo arquivamento do processo que poderia levá-lo à cassação. Apesar da decisão dos vereadores locais, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) prorrogou o afastamento de Braguinha, que só retornou ao cargo em fevereiro deste ano.
Ao decorrer do pleito deste ano, um integrante de facção criminosa foi preso, suspeito de ameaçar eleitores para manipular votos.

Servidores de Santa Quitéria teriam ido ao RJ dar carro a chefe de facção

Em pedido de cassação e inelegibilidade, MPE listou diversos indícios que integrantes do Comando Vermelho agiram em prol da reeleição de José Braga Barrozo, o Braguinha

Pichações com ameaças a eleitores de Tomás Figueiredo (MDB) foram uma das formas que integrantes do CV atuaram nas eleições de Santa Quitéria, conforme o MPE

Servidores da Prefeitura de Santa Quitéria, município do Sertão dos Crateús, teriam ido até o Rio de Janeiro (RJ) entregar um carro para o traficante Anastácio Pereira Paiva, conhecido como Doze ou Paulinho Maluco, apontado como chefe do Comando Vermelho (CV) em diversos municípios da Região Norte do Estado. Esse é um dos indícios apontados pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) que evidenciam o envolvimento do prefeito eleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), com integrantes da facção criminosa. 
Conforme Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), apresentada pelo MPE no último dia 18 de dezembro, dois funcionários que ocupam cargos comissionados na Prefeitura de Santa Quitéria foram até o Rio em 19 de julho deste ano.
O documento afirma que Francisco Edineudo de Lima Ferreira e Francisco Leandro Farias de Mesquita partiram de Fortaleza a bordo de um veículo modelo Mitsubishi Eclipse Cross
. Em 21 de julho, os dois regressaram ao Ceará de avião. O carro foi encontrado em 17 de dezembro último em uma casa que pertenceria a Anastácio, na comunidade da Rocinha, durante uma operação que visava, justamente, prender o traficante e outros faccionados cearenses foragidos no Rio.       
Francisco Edineudo de Lima Ferreira ocupa cargo de Coordenador do Gabinete do Prefeito, enquanto Francisco Leandro Farias de Mesquita ocupa cargo de Assessor Técnico no órgão municipal de trânsito, ambos foram nomeados por JOSE BRAGA BARROZO. O MPE ainda menciona que Francisco Leandro foi preso em 2020, ocasião em que foi descrito como "motoristas da facção" e "responsável pelo transporte de drogas.
MPE anexou ainda listou uma série de ações criminosas realizadas por integrantes do CV em Santa Quitéria visando influenciar as eleições municipais. Eleitores foram coagidos através de áudios e mensagens no Whatsapp, assim como pichações foram realizadas ameaçando eleitores do candidato Tomás Figueiredo (MDB).
Funcionários da Justiça Eleitoral no município também foram ameaçados pelos criminosos, afirma o MPE. Em 18 de setembro, um homem não identificado ligou para o Cartório Eleitoral do município e afirmou que, se a Justiça não “parasse” com as decisões contra os “irmãos” do CV, a unidade seria atacada e pessoas seriam assassinadas.
O MPE ainda registrou que um homem foi encontrado morto em 3 de outubro, com marcas de tiros, nas proximidades de um açude do distrito de Sangradouro. Ao lado do corpo, haviam vários “santinhos”. O crime ainda não foi elucidado.
Ainda durante a campanha eleitoral, a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra suspeitos de tentar interferir no pleito. Em celulares que foram apreendidos, os policiais se depararam com conversas de integrantes do CV planejando os ataques a opositores de Braguinha.

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