Testemunhas oculares disseram que os disparos foram efetuados
não em direção aos pneus do carro, mas às pessoas que ocupavam o veículo e que
não ouviram as supostas 'ordens de parada'
Dois policiais
militares do Batalhão de Policiamento do Raio (BPRaio) foram condenados por lesão
corporal grave e gravíssima após dispararem e alvejarem a tiros vítimas durante
abordagem a um 'carro errado', no
bairro Montese, em Fortaleza. A decisão contra os soldados Ítelo José Marques Moura e Leonardo Moreira Oliveira foi proferida
na última quarta-feira (12) e publicada no Diário da Justiça da sexta-feira
(14).
A sentença prevê dois anos e quatro
meses de reclusão para cada um dos PMs. O regime inicial é o aberto e, de
acordo com o juiz da Auditoria Militar, não cabe substituição de pena, porque
"os crimes foram cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa".
Uma das vítimas foi atingida com quatro disparos e ficou hospitalizada.
À PROCURA DE UM ASSALTANTE - No dia 18 de novembro de 2016, por volta das 18h, um grupamento do BPRaio
patrulhava e aguardava a chegada de um carro modelo Corsa Classic, cor preta,
de quatro portas. Os PMs acreditavam que no veículo estava um criminoso de
apelido 'Chocolate', envolvido em
uma tentativa de assalto na região.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Ítelo
empunhava uma carabina .40 e Oliveira uma pistola .40, quando abordaram o
veículo com as mesmas características, "levando a crer que se tratava do
carro esperado, levando os militares a dispararem contra o automóvel posto que
o mesmo não atendeu à ordem de parada. Como consequência, os disparos dos
agentes de segurança pública atingiram dois civis".
Testemunhas oculares disseram que os disparos foram efetuados não em
direção aos pneus do carro, mas às pessoas que ocupavam o veículo e que não
ouviram as supostas 'ordens de parada'.
Dos dois feridos, um estava dentro do veículo e outro na calçada.
Um popular disse ainda que "viu esse carro quando se aproximava do
sinal, em baixíssima velocidade, até ele parar, e esse foi o momento dos
disparos. Não ouviu nenhum comando dos policiais, como voz de parada".
Para a acusação, a abordagem foi "equivocada e extremamente perigosa,
razão pela qual os militares foram denunciados".
PROVAS - Consta na sentença, que os acusados chegaram a admitir "que não conseguiram ver quem estava dentro do veículo e deram prosseguimento à abordagem". Também não foram encontradas evidências de que o veículo saiu de forma brusca ou tenha arrancado, "mas que saiu de forma natural após ter seu fluxo liberado".
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